quinta-feira, 31 de maio de 2007

PAIS ADOTIVOS ENTREVISTA

Lei Nacional da Adoção: o Brasil em vanguarda na América Latina

Por Oscar Henrique Cardoso
Editor Pais Adotivos SA

Brasília, 31/5/07 - Hoje, 80 mil crianças esperam por um novo lar em centenas de abrigos espalhados por todo o território nacional. São brancos, negros, indígenas, bebês, adolescentes. O perfil é o mais variado. Na hora de escolher uma criança, o brasileiro ainda ajuda a aprofundar ainda mais o sentimento de exclusão e abandono. Mais da metade das crianças adotadas hoje no Brasil são brancas, do sexo feminino, com pele e olhos claros, dentro de um padrão europeu.

Mas este quadro começa a mudar. Aos poucos, lentamente, crianças maiores de três anos, negras e também portadoras de algum tipo de doença ou deficiência começam a ganhar novos lares. Não só a escolha é um entrave para uma nova família. Também a burocracia e a lentidão do Judiciário em facilitar os processos de adoção, diga-se diminuir o tempo de trâmite, acabam emperrando o sonho de muitos casais e cidadãos que buscam um filho.

Assim que for aprovado – e já está na Mesa Diretora da Câmara aguardando data para entrar em votação, o Projeto de Lei 1756/2003, de autoria do deputado federal João Matos (PMDB/SC) irá transformar todos os trâmites e conceitos sobre o tema adoção no país. A proposta está em desburocratizar os processos, cujo tempo médio se arrastam por mais de três anos nas comarcas brasileiras e irá disciplinar o Estado a lidar com a seleção de candidatos, adoção por casais estrangeiros e também a adoção de crianças estrangeiras por brasileiros.

PAIS ADOTIVOS SA visita o gabinete do deputado João Matos, em Brasília. Nessa entrevista, publicada na seqüência, o parlamentar fala sobre militância, consciência e principalmente ressalta a importância de seu projeto como um instrumento de vanguarda em favor da adoção no Brasil, situação que colocará o país na linha de frente sobre o assunto em todo o continente latino-americano:

Pais Adotivos SA: O que lhe motivou a lutar para que haja a democratização e a ampliação da adoção no Brasil?

Deputado João Matos: É um tema que tem um apelo social muito forte. A própria adoção já é sinônimo de inclusão social, uma vez que há pessoas que precisam ser adotadas porque foram privadas de muitas coisas, entre as quais está o direito alienável do convívio familiar. São diversos os motivos que levam a destituição do poder familiar, seja em relação a uma criança ou a um adolescente. Reconstituir estes laços familiares e o direito de usufruir deste sagrado direito de convívio familiar evidentemente que é uma ação que merece atenção, dedicação. Por outro lado, também a minha própria experiência. Eu e minha esposa adotamos nosso filho Cléber com 11 meses de idade. Aos quinze anos, ele faleceu vítima de um tumor no cérebro.
Com a morte do Cléber nos jogamos de corpo e alma, com total apoio da esposa e dos filhos (biológicos) na absorção pela causa da adoção, desde quando adotamos o Cléber até depois de seu falecimento. Buscamos chamar a atenção da sociedade catarinense e, posteriormente da sociedade brasileira a respeito da grande defasagem em termos de políticas públicas voltadas a adoção, voltadas ao restabelecimento familiar deste vínculo entre crianças cujos pais foram destituídos do poder familiar. E o Cléber foi a grande motivação desta luta. Tanto que meus três filhos pensam também em adotar. Meu filho mais novo se tornou papai na semana passada e no dia em que registrou seu filho mais novo ele também foi a Vara da Infância e da Juventude para se inscrever para adoção. Meus filhos também participam do movimento e isso é uma compensação.

Pais Adotivos SA: Por que o brasileiro ainda adota pouco? O que impede é a burocracia ou o preconceito ainda fala mais alto?

Matos: Há preconceito e falta de esclarecimento, que explica tudo isso. Em primeiro lugar, há uma falta de cultura de adoção no Brasil, a exemplo do que temos sobre tudo na Europa, onde se encontra uma cultura mais definitiva, mais enraizada de adoção. E justamente toda esta nossa luta tem como pano de fundo contribuir decisivamente para a implantação dessa cultura definitiva de adoção. É claro que não se faz de um dia para o outro, mas se olharmos para cinco anos atrás a distância já é bastante grande. Vários movimentos a respeito da adoção, com grupos de debate, grupos de estudo, grupos de apoio à adoção e jornadas que vão acontecendo, vão fazendo com que a sociedade brasileira vá se conscientizando deste problema social que temos no Brasil.
A falta de uma cultura que se tem no Brasil é real e esta cultura começa a ser construída. Não a partir da minha luta, mas antes, evidentemente, digo que esta cultura em favor da adoção começou a ser implantada na década de 90 quando começaram a se organizar e surgir grupos de estudo e apoio à adoção. O primeiro grupo organizou-se através de um evento realizado na cidade de Rio Claro em São Paulo e dali começaram a se organizar, anualmente, encontros de grupos de adoção no Brasil inteiro, através dos ENAPAs. A partir daí foi o marco zero para a instalação definitiva da cultura de adoção no Brasil. Mas além desta falta de cultura, ou muito incipiente, está o problema da burocracia excessiva. Meu Projeto de Lei Nacional da Adoção, que é o Projeto de Lei 1756/2003, que agora está em fase final de análise para votação, está à Mesa da Câmara para ser acertado o início de sua votação no plenário, visa entre outras coisas justamente desburocratizar todos os processos de adoção que no Brasil são muito morosos. É bom que se destaque que o projeto propõe que um processo de adoção demore no máximo 12 meses. Enquanto que hoje no Brasil os processos demoram mais de dez anos. Não é regra, mas sim exceções. Hoje, em média no Brasil um processo de adoção dure três anos e sete meses. É muito tempo. Enquanto que para os delinqüentes, responsáveis por crimes hediondos neste país, se garante o direito e a autoridade judicial para se responder em liberdade, uma criança que não tem culpa nenhuma, mas que foi abandonada, precisa esperar mais de dez anos para que a autoridade judicial se pronuncie.Então, queremos acabar com isso, através da desburocratização do processo.
Esse projeto de lei também entra em outras questões e traz como pano de fundo a implementação de uma política definitiva de adoção no Brasil, definindo claramente quem pode adotar, quem pode ser adotado e conceituando a adoção de maneira clara, como direito inalienável a criança cujos pais tiveram seu poder destituído e não como um direito primeiro para quem quer adotar. Até porque se entende muito ainda que o direito de adotar ainda se dá para quem não tem filho ou porque por algum motivo quer adotar do que para quem realmente foi privado pelo convívio familiar. O projeto também entra na questão da adoção de crianças brasileiras por estrangeiros, disciplinando também um rígido controle à autoridade brasileira. Entra pela primeira vez no caso de adoção de crianças estrangeiras por brasileiros, o que acontece muito nas fronteiras do Brasil com os países da América do Sul.

Pais Adotivos SA: O preconceito em adotar no Brasil também tem ligação com o racismo?

Matos: Um dos grandes problemas da adoção está no preconceito. No Brasil, não se tem muitas crianças recém-nascidas da raça branca, sobretudo de olhos claros e azuis. Essas dificilmente não são adotadas. A não ser que venham a ter algum tipo de deficiência mental. Mas as outras crianças, sobretudo as da raça negra esperam na fila e muitas delas acabam ficando abrigadas até os dezoito anos porque há esta discriminação. Por falta de uma cultura definitiva de adoção, uma cultura mais madura e tradicional, nós ainda temos a maioria das pessoas que querem adotar pretendendo recém-nascidos, sobretudo do sexo feminino, raça branca, olhos claros. Vemos que as demais crianças vão ficando sem chance de serem adotadas com o tempo passando. Imagina se for negra, ou indígena, aí o preconceito é muito maior.
Pior ainda, a medida em que a idade vai avançando, quando entra na adolescência aí fica muito difícil. Não digo raro, mas são muito reduzidos os números de adoções de adolescentes. Além de todo este problema de idade avançada ou raça, se ele acumula algum tipo de deficiência física ou mental, aí o preconceito aumenta ainda mais. Nós temos que transformar esta tendência das pessoas em querer crianças dentro do perfil europeu. Felizmente, mesmo que vagarosamente, as estatísticas já mostram que está havendo uma modificação. Mesmo não tão rápido quanto o ideal, mas está havendo. Há muitas pessoas que vão aos abrigos pedir a guarda de crianças com idade mais avançada.

Pais Adotivos SA: Como o senhor vê a adoção de crianças por casais homossexuais?

Matos: Eu já tive reservas e não preconceito. Mas pergunto até que ponto um casal homossexual estaria preparado sob o ponto de vista de tocar em frente o processo de educação de uma criança. Mas não tenho nenhum preconceito. Vejo o poder judiciário atacando pedidos e vejo que quem tem amor para dar, deve dar, não importa a sua opção de vida, importa sim a qualidade de educação que dará a uma criança. Vejo com normalidade. É mais uma preocupação com o tipo de dificuldades que um casal homossexual possa enfrentar pela sociedade do que propriamente dito preconceito.

Pais Adotivos SA: Hoje no Brasil, onde é mais fácil e mais rápido se adotar uma criança. É na região Nordeste, no Sul, no Sudeste, Norte ou Centro-Oeste?

Matos: Eu acho que o Sul está mais avançado, em especial cito o meu estado: Santa Catarina. Foi um dos primeiros estados onde houve manifestação do Judiciário frente ao tema e isso nós temos que reconhecer o avanço dentro do Judiciário, que, independentemente de outros encaminhamentos em outras partes do país, o judiciário catarinense está na vanguarda em relação a outros judiciários existentes em outros estados do país. Lá tivemos a sorte também de ter, a partir de mim, alguém que iniciasse esse movimento em nível nacional e trouxesse para a casa do povo a discussão sobre esse assunto.
Temos uma resposta muito positiva da sociedade. Diria que em SC, os Poderes Legislativos, a partir de nossa iniciativa, entre eles citam o deputado Rogério Mendonça, o Peninha, teve a iniciativa de criar o Fórum Permanente de Adoção na AL de SC que realmente marca presença, com contribuições ao tema. O poder executivo tem dado sua parcela, mas é o menos presente ainda. Aqui, em nível de governo federal, temos iniciativas de alguns órgãos do Poder Executivo, como a Secretaria Especial de Direitos Humanos, do Ministério da Justiça, a qual vem ao encontro das nossas iniciativas. Ainda é pouco, mas posso dizer, em meu quarto mandato como deputado federal que avançamos bastante. Hoje, ao falarmos sobre o tema adoção, aqui na casa, vejo que a maioria dos deputados e senadores apóiam.
A primeira iniciativa que fiz, ao ingressar de maneira clara foi partir para abraçar a causa, em 20021, após a morte do Cléber, criamos em SC a Associação Catarinense de Pais Adotivos, com eventos, palestras e organização de grupos de pais espalhados pelo estado. Após, nosso movimento se incorporou a demais Grupos de Apoio com apoio do Poder Judiciário e hoje estamos com um movimento integrado. Depois, propomos projeto de lei criando o Dia Nacional da Adoção, no dia 25 de maio, data em que em Rio Claro, em 1995, os Grupos de Apoio a Adoção de todo o Brasil.
Felizmente, no dia 25 de maio de cada ano, graças a Lei 10.447, em 9 de maio de 2002, foi uma grande iniciativa porque se criou uma data em torno do giro de centenas de eventos espalhados pelo país afora, com jornadas de adoção. É uma referência pela qual a coisa gravita. Outra iniciativa foi então aglutinar parlamentares. Propus a criação da Frente Parlamentar da Adoção. Hoje, somos em torno de 120 parlamentares, entre deputados e senadores. Maioria deles pais adotivos. E aí veio a tacada maior, que foi entrar com o projeto de lei 1756 de 2003 que propõe a Lei Nacional de Adoção, somando-se ao ECA, que já entrava na matéria, mas não era completo.

Pais Adotivos SA: Assim que estiver aprovada, a Lei irá transformar completamente a forma como os processos são conduzidos hoje no país?

Matos: Com certeza, sob o ponto de vista começa com uma conceituação nova, com o Direito da Criança, com critérios, abreviarão do tempo do processo e vaieliminar procedimentos desnecessários. Vai criar um Cadastro Nacional de Adoção, a partir de cadastros comarcais, estaduais e nacionais, com crianças e adolescentes disponíveis à adoção e de pessoas que querem adotar. Obriga o poder público a criar políticas públicas de apoiamento e instrumentalização do judiciário. Essa lei realmente cria toda a infra-estrutura e as condições necessárias para que se instale.

Pais Adotivos SA: Com estas normas mais claras, irá propiciar o desafogo dos abrigos, superlotados de crianças?

Matos: Por mais que façam, os abrigos são meritórios, temos que dar apoio, porque graças aDeus ainda existem. Mas, Graças a Deus por um lado. Infelizmente ainda existem tantos abrigos. A tendência é zerar o número de abrigos e isso é a nossa preocupação. Não queremos que haja mais crianças abandonadas. Claro que zerar é uma utopia, mas diminuir sim. Quanto menos abrigos, maior será a atenção e o acolhimento de crianças. Serão sim um local de passagem por tempo limitado.

Pais Adotivos SA: A nova lei vai colocar o país em um patamar igual a países europeus no que trata da legislação em torno da adoção?

Matos: Sim, não resta dúvida que a lei é uma lei moderna. Vários países têm vindo discutir, buscar subsídios aqui. Colhemos o que ouvimos e soubemos, mas a aprovação da lei e sua colocação em prática, farão com o que o Brasil evolua em termos modernos de adoção. Falando em tratativas brasileiras, tem se pensado também em transformar 25 de Maio no Dia Latino-Americano da Adoção.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

LEIA AQUI A CARTA DE INTENÇÕES DA ENAPA

Os participantes do XII Encontro nacional de Associações e Grupos de Apoio à Adoção,
reunidos em Belém do Pará, no período de 16 a 18 de maio de 2007,
RESOLVEM:

CONSIDERANDO o preceito constitucional inscrito no art. 227 da Constituição Federal e o
acolhimento pelo Brasil da doutrina de proteção integral à Infância e Adolescência.

CONSIDERANDO o número de crianças e adolescentes atualmente em abrigo, percentual
provisório superior a 60%, bem como as condições dos mesmos resultados da falta de
políticas públicas que assegurem aos pais condições de manter a família.

CONSIDERANDO o disposto no Decreto nº 5.491, que regulamenta a atuação de organismos
estrangeiros e nacionais de adoção internacional;

APROVAM:

I – A RECOMENDAÇÃO para que os Tribunais de Justiça e as Procuradorias Gerais de
Justiça promovam seminários e/ou cursos de atualização aos Juízes e Promotores de Justiça
sobre a adoção nacional e internacional, promovendo a troca de conhecimentos e experiências
nesta área, incentivando a realização de ações dos membros, buscando a celeridade processual
e garantindo os direitos da criança.

II – A MOÇÃO dirigida ao Presidente da Câmara Federal e aos líderes dos partidos políticos
com assento naquela casa legislativa solicitando inclusão na ordem do dia e na pauta de
votação do substitutivo ao Projeto de Lei 1.756/2003, que tramita há quase 04 (quatro) anos
naquela casa legislativa, devendo sua votação ser decidida em caráter de urgência diante da
relevância do tema e em decorrência de no país existirem 80.000 (oitenta mil) crianças
abrigadas, segundo dado informativo da AMB.

III – O INCENTIVO aos membros do Poder Judiciário e ao Ministério Público nas comarcas
em que houver abrigos, atentarem para as crianças que ficam abrigadas por muitos anos e que
os pais ou responsáveis não tem mais interesse em ficar com seus filhos.

IV – A RECOMENDAÇÃO aos Poderes Executivo e Legislativo para que sejam criadas
políticas públicas visando a estruturação familiar com a intenção de evitar que a criança venha
a ser abrigada.

V – O INCENTIVO aos membros do poder Judiciário e Ministério Público, bem como os
grupos de apoio à adoção ou qualquer membro da sociedade civil para que apresentem
projetos nas escolas das comarcas em que atuam, no sentido de esclarecer que a filiação
adotiva tem a mesma importância da filiação biológica e com isto desmistificar o preconceito
existente.

VI – A RECOMENDAÇÃO para que os profissionais dos abrigos busquem maior interesse
para trabalhar em rede compreendendo que cada caso é um caso acreditando na potencialidade
e competência das famílias.

VII – A RECOMENDAÇÃO para que os abrigos desenvolvam seus trabalhos com base
numa metodologia que priorize o atendimento individual de cada caso, construindo
conjuntamente com os acolhidos os seus projetos de vida.

VIII – A RECOMENDAÇÃO de acompanhamento psico-social sistemático com as famílias
de origem e/ou extensa com fins de reintegração e continuação do acompanhamento após a
reintegração por no mínimo um ano.

IX – A RECOMENDAÇÃO para que as equipes dos abrigos obrigatoriamente efetuem
registros de acompanhamento de cada caso, enviando-os frequentemente ao Poder Judiciário.

X – A RECOMENDAÇÃO para que as equipes dos abrigos sejam multiprofissionais sendo
submetidas permanentemente a cursos de qualificação.

XI – O INCENTIVO aos Poderes constituídos,bem como à sociedade civil organizada a
realização de pesquisa na área da adoção e sobre a realidade dos abrigos.

XII – O INCENTIVO à criação de associações que trabalhem na preparação de casais
interessados em adotar.

XIII – O INCENTIVO para que a sociedade civil busque medidas junto ao Poder Público
objetivando seja organizado o cadastro nacional de adoção.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

PROGRAMAÇÃO OFICIAL - ENAPA 2007

DIA 16 DE MAIO DE 2007

Tarde

16:00 h. CREDENCIAMENTO

Noite

18:00 h. ABERTURA
19:00 h. PALESTRA INAUGURAL - ADOÇÃO: A MAGIA DO QUERER
Abordagem: As dificuldades no processo adotivo que facilitam a superlotação nos abrigos institucionais
PALESTRANTE: Dr. SÁVIO BITENCOURT. Promotor de Justiça Rio de Janeiro/RJ

20:00 h. MOMENTO CULTURAL / COQUETEL

DIA 17 DE MAIO DE 2007

Manhã

08:00 h PALESTRA – APRESENTAÇÃO DOS GRUPOS DE APOIO Á ADOÇÃO DA REGIÃO NORTE
PALESTRANTES: Coordenadores dos grupos apoio à adoção de Belém/PA, Macapá/AP e Rio Branco/AC.

09:00 h PALESTRA – OS GRUPOS DE APOIO À ADOÇÃO E OS AVANÇOS NA MUDANÇA DA CULTURA DA ADOÇÃO.
Abordagem: A importância dos ENAPAS
PALESTRANTE: Dra. VERA LÚCIA ALVES CARDOSO – GAAGO – Goiânia/GO

10:00 h INTERVALO

10:15 h PALESTRA – PALESTRA: ADOÇÕES NECESSÁRIAS
Abordagem: As dificuldades de adaptações nas adoções tardias, de grupos de irmãos e com necessidades especiais
PALESTRANTE: Dr. LUIZ SCHETTINI FILHO – Psicólogo e Professor da UFR/PE

11:15 h Debate

12:00 às 14:00 h Intervalo para almoço

17/05 - Tarde

14:00h PALESTRA: ABRIGO: ESPAÇO DE PROTEÇÃO ?
Abordagem: As condições necessárias para o abrigo exercer sua função de medida de proteção da criança/adolescente de forma excepcional e provisória .
PALESTRANTES: DRA. LÍLIA CAVALCANTE- Assistente Social / UFPA.
DRA. DIRCE FRANÇA – Psicóloga UNB/DF

15:20 h Debate

15:45 h INTERVALO

16:00 h PALESTRA: ABANDONO E SUAS POSSIBILIDADES DE SUPERAÇÃO
Abordagem: A superação como grande desafio.
PALESTRANTE: Dra. LEILA DUTRA – Psicóloga- TJE/SP
Abordagem: A questão da Cidadania e Deportação

17:30 h DEBATE

18:00 h Encerramento das atividades do dia

DIA 18 DE MAIO DE 2007

Manhã

08:30 h PALESTRA – HERANÇA BIOLÓGICA NA FORMAÇÃO PSÍQUICADA CRIANÇA.
Abordagem: A crença da influência hereditária no desenvolvimento da criança/adolescente.
Palestrante: Profa. Dra. LIDIA WEBER – UFPR.

09:15 h Debate

09:45 h INTERVALO

10:00 h PALESTRA ADOÇÃO INTERNACIONAL: O FUTURO NO PAÍS DE ACOLHIDA
Abordagem: A questão da Cidadania e Deportação
PALESTRANTES: REPRESENTANTE DA AUTORIDADE CENTRAL BRASILEIRA, SUÉCIA, FRANÇA e ITÁLIA


11:30 h Debate

12:00 às 14:30 h INTERVALO PARA ALMOÇO


18/05 - Tarde

14:30 h PALESTRA: ADOÇÃO POR HOMOSSEXUAIS
Abordagem: Uma nova possibilidade de convivência familiar
PALESTRANTES: Des. LUIZ CARLOS BARROS FIGUEIREDO . TJE/PE
Profa. Dra. LIDIA WEBER – UFPR.


15:15 h DEBATE

15:45 h INTERVALO

16:00 h ESCOLHA DA SEDE DO XIII ENAPA

16:30 h ENCONTRO POR CATEGORIAS PARA TROCA DE EXPERIÊNCIAS.
Grupo I- TÉCNICOS DAS VARAS DA INFÂNCIA E JUVENTUDE, MINISTÉRIO PÚBLICO , ABRIGOS E CONSELHOS TUTELARES..
Coordenador: Dr. LUIS SCHETTINI FILHO

Grupo II - GRUPOS DE APOIO À ADOÇÃO
Coordenadora: Dra. SUZANA SCHETTINI E FERNANDO FREIRE

Grupo III - COMISSÕES DE ADOÇÕES INTERNACIONAIS E ENTIDADES ESTRANGEIRAS.
Coordenadora: Dra. PATRICIA LAMEGO

Grupo IV - PROMOTORES E JUÍZES.
Coordenadora: Dra. Mariza Seixas Tardelli de Azevedo - Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária - SEDH/SPDCA/PR.

18:00 h Encerramento do XII ENAPA

20:00 h Jantar por Adesão (inscrições antecipadas)

XII ENAPA, BELÉM DO PARÁ, 16 A 18 DE MAIO DE 2007

O XII Encontro Nacional de Associações e Grupos de Apoio à Adoção – ENAPA, começa nesta quarta-feira (16) em Belém do Pará. Até a próxima sexta, dia 18, a plenária pretende debater questões relativas aos medos e expectativas resultantes de um processo adotivo, objetivando derrubar mitos e preconceitos existentes acerca dessa forma de filiação. A temática da adoção sempre vem acompanhada de uma série de outros temas subjacentes e que entre si mantém uma relação de interdependência.

O encontro representará a oportunidade de realizar uma ampla discussão sobre essa temática e dos aspectos a ela relacionados, a fim de possibilitar uma compreensão das representações sociais produzidas, que vão sempre em direção de fazer da adoção um meio pelo qual se supera a impossibilidade de gerar biologicamente, bem como, proporcionar convivência familiar a milhares de crianças e adolescentes. É hora de derrubar o “muro imaginário temerário” em relação à prática da adoção reduzindo, cada vez mais, o contingente de crianças sem famílias e de famílias sem crianças.

CASAL GAY GANHA A GUARDA PROVISÓRIA DE CRIANÇAS EM SP

Por Roney Domingos. www.globo.com

As quatro crianças adotadas há quatro meses por um casal homossexual de Ribeirão Preto (a 319 km de São Paulo) alcançaram melhores notas na escola, chamam os dois tutores de "pais" e agradecem todos os dias por terem sido adotadas. Os pais adotivos são cabeleireiros e vão comemorar em outubro 16 anos de relacionamento estável. Depois de cuidar dos dois filhos de um deles, já crescidos, o casal resolveu adotar uma criança e - para não separar os irmãos - decidiu assumir os outros três.

"A menina mais nova conseguia copiar tudo do quadro negro, mas não sabia o que estava copiando, não sabia ler. Hoje ela está aprendendo a ler, está indo muito bem. A nota dela fica entre oito e nove. A menina mais velha tem notas de nove a dez na escola. O menino mais novo também está indo muito bem", afirma um dos pais, o cabeleireiro John (nome fictício), de 34 anos. O menino e três meninas, que têm entre 4 e 10 anos de idade, eram vítimas de maus tratos e estavam em um abrigo público quando foram adotados. O juiz Paulo César Gentile, da Vara da Família de Ribeirão Preto concedeu a guarda provisória dos garotos a John e Tiago (nome fictício), de 40 anos, em dezembro de 2006. Os pais adotivos esperam que a decisão sobre a guarda definitiva seja anunciada ainda em 2007. "Eu queria uma criança que me chamasse de pai. Não escolhi as quatro crianças, foram elas que escolheram um pai. Passamos um fim de semana com os meninos e na segunda-feira pela manhã o doutor Paulo Gentile recebeu um recado de uma das crianças dizendo que ela tinha gostado muito de nós", afirma Paulo. Os pais adotivos, que em outubro completam 16 anos de relacionamento, já cuidaram de dois filhos de um deles, nascidos em um relacionamento anterior. "O segredo para a estabilidade é compreensão, dedicação e união. Tem de existir muito amor e respeito porque crise todo relacionamento tem mesmo." Além de torcer pela guarda definitiva das crianças, John e Tiago sonham com a aprovação da lei que autoriza a união civil de homossexuais. A ausência de legislação específica sobre o tema obriga os dois parceiros a atuar como sócios nos empreendimentos do casal. "

Como a lei não está concretizada ainda, nós dividimos tudo o que conquistamos juntos. Eu tenho uma casa e um comércio. O Tiago também tem as coisas dele. Um ajuda o outro e na hora do aperto um até empresta dinheiro para o outro. Nós temos juntos uma chácara e um carro, que comrpamos para - no caso de fazer viagem - não ter de separar as crianças", disse John. "Eu jamais iria até a casa dos nossos pais em Maringá (PR) e deixar as crianças para trás. Eu viajei para apresentá-los aos meus pais e levei os quatro. Quero todos perto de mim e podendo ou não, tive de comprar o carro", afirmou. De acordo com John, sua mãe ficou orgulhosa do gesto. "Meus irmão têm de um a três filhos. Minha mãe me disse: 'olha meu filho, te admiro porque é uma loucura o que você está fazendo mas é um bem que está fazendo para quem precisa.'

Católico

Questionado sobre o posicionamento da Igreja em relação ao homossexualidade, John afirma que é católico, mas não encontra respaldo no discurso da instituição. "Eu sempre fui católico, mas como a Igreja Católica nunca aceitou um homossexual, achando que não fosse capaz de aceitar uma família, então, não que eu não goste, mas me sinto perdido frente a essa doutrina."

domingo, 13 de maio de 2007

GLOBO REPÓRTER: EXCLUSÃO NA TEVÊ

Você assistiu ao Globo Repórter da última sexta-feira, dia 11 de maio? Pois é, foi uma bela homenagem a figura materna. O programa especial de Dia das Mães foi emocionante, nos fez pensar na linda e bela relação entre mãe e filho. Toda esta beleza teria sido perfeita e teria realmente emocionado se a produção do programa não tivesse cometido uma falha que para mim é imperdoável.

Não falou em nenhum momento das mães adotivas. Tampouco fez noção a respeito das mães que adotam crianças maiorzinhas, ato que é conhecido como adoção tardia. Será que a produção do programa não pesquisou, não descobriu nenhum case, ou não existe nenhuma mãe neste imenso Brasil que tenha adotado uma criança maiorzinha? Pelo que vi, parece que não. A pauta privilegiou apenas as mães biológicas e também apresentou as novas técnicas de fertilização para garantir a mulher a realização do sonho materno. E quem não pode gerar, quem deseja adotar. É excluída? Por que a mídia ainda vê a adoção como um ato de caridade? Ninguém pode se realizar sendo pai ou mãe (neste caso) adotivo? E falar em adotar uma criança com mais de três, quatro, cinco, dez anos.. aí é mais tabu ainda. É um ato de benemerência.

Quem de nós ao adotarmos uma criança maiorzinha ( e este é o meu caso) não ouviu: "mas porque vocês não pegam um bebezinho.. olha, aí ele cresce e vocês nem precisam contar que ele é adotivo". Como se fosse uma vergonha ele saber que está sendo adotado para ganhar uma nova família. Pergunto: por que nossa sociedade é tão caridosa e tão hipócrita ao mesmo tempo? Caridosa em achar lindo o ato da adoção. Hipócrita porque incentiva a perpetuação do abandono e da dor. Ou por acaso as mesmas pessoas que nos falam para adotar um bebê pensam que uma criança maiorzinha não tem desejo em ter uma família. Não quer também entregar um cartãozinho ou um presentinho no Dia das Mães e dar um beijo naquela pessoa que lhe passou a dar um nome e uma chance de ser alguém.

Para a produção do Globo Repórter e para a mídia em geral, parece que não. Parece que não interessa se falar em adoção. Muito menos em adoção tardia. Até porque não dá IBOPE mostrar a dura face do abandono e da exclusão social. Exclusão social que não discute natalidade, não discute planejamento familiar. Mas une as mãos para rezar pelo fim da violência nas grandes cidades. Como se uma das matizes da violência não estivesse na falta de planejamento familiar e na falta de um debate em torno de uma melhor distribuição de renda e geração de emprego e educação. Não importa falarmos em adoção na grande mídia. Importa sim é encher página sobre o tema quando falta pauta.

Olha, desculpe por dizer isso, é que já estive do lado de lá e sei que é bem assim que a imprensa se comporta. Quando não se tem assunto, aí é que se vai falar dos negros, dos órfãos, dos idosos. Mais uma vez, e acho muito desagradável ter que dizer isso o Globo Repórter prestou um desserviço a todos nós, que militamos e lutamos pela promoção e valorização da adoção em nosso país. Eu sou um militante sim. Não estou em nenhum grupo de apoio, até porque espero um convite para participar de algum, mas eu milito sim com a minha profissão e com as minhas palavras. Defendo a adoção sim, com unhas e dentes, porque é um direito. É um ato de amor e de doação, sem dúvida, mas também é um ato cidadão. É de direito de toda criança ter uma família, ter um lar, ter um pai, uma mãe, uma história. E não importa a cor e a saúde. O que importa é o amor.

Mais uma vez, a exclusão prevaleceu nas telas da tevê, da maior rede de tevê deste país. Se o programa foi bonito, até pode ter sido, mas o desserviço e a exclusão ficou clara. Colegas, vamos pensar mais, vamos pesquisar mais, faço um apelo para todos os colegas jornalistas. Vamos falar mais de adoção, vamos falar mais de adoção tardia, adoção interracial. Vamos praticar e viver a solidariedade, vamos democratizar a comunicação e falar também das mães e dos pais adotivos.

E plim plim pra todos nós...

quarta-feira, 9 de maio de 2007

É PRECISO MUDAR PARA INCENTIVAR A ADOÇÃO

Interessante foi uma discussão que li em uma comunidade do Orkut sobre adoção. Nela, a postante falava com indignação da burocracia que a Justiça impõe para o cidadão que deseja adotar uma criança de forma correta com a lei. Também se manifestou sobre as conseqüências de tanta burocracia, que leva a milhares de crianças a passar pela infância e a adolescência dentro de uma instituição. Toda a discussão sobre este tema é válida, pois só assim se começa a mobilizar a sociedade brasileira para futuras mudanças na legislação.

Se por um lado para nós, brasileiros, cidadãos, trabalhadores e pagadores de impostos o tempo de trâmite de um processo de destituição de pátrio poder e consolidação de uma adoção pode levar até um ano de duração, para um casal estrangeiro este período pode durar menos. De acordo com alguns profissionais da lei, fontes deste jornalista, o trâmite pode levar até um mês. Isso porque os custos de um processo de adoção internacional, em euros ou dólares, motivam nossos advogados a correrem com os processos. Os adotantes estrangeiros não são tão exigentes quanto nós brasileiros. Não se importam em adotar crianças negras, maiores de cinco anos e até adolescentes. Já nós brasileiros, continuamos buscando bebês, brancos e do sexo feminino. Nós brasileiros continuamos em maioria não querendo crianças mestiças, negras ou deficientes. Queremos sim buscar um bebê para alimentar em nós a sensação que os filhos do coração são biológicos. Parece-me ser uma resistência até nossa ao processo de adoção. Mas isso é algo que nós brasileiros precisamos olhar para nós mesmos para rever nossos conceitos e assumir até onde vai o nosso racismo e a nossa discriminação para com os não europeus, no caso os negros, mestiços e indígenas.

Com isso, uma outra discussão veio à tona. É justo condenar uma criança a crescer longe de um lar, crescer sem a chance de ter uma família e de aprender a ser cidadã de uma forma plena? Claro que é totalmente injusto. É injusto porque as chances de uma criança negra, com mais de três, quatro, cinco anos, e do sexo masculino ser adotada é muito menor em comparação com um bebê branco e do sexo feminino. O que sobra para tantos mestiços, pardos e negros? As muralhas dos orfanatos, os passeios com voluntários e a oportunidade de alimentar sonhos familiares, frustrados para sempre.

Antes de se tomar a decisão de destituir um pai e uma mãe do direito de criar seu filho, deve ser sim promovido um amplo e sério estudo destes casos. Mas caso não haja nenhuma condição de reintegrar este menor a sua família biológica, a adoção deve ser sim promovida e recomendada. E o tempo para que isso aconteça? Em minha opinião, um tempo máximo de dois anos. Em dois anos há sim plenas condições de ver se a família de origem realmente se preparou para receber de volta seu filho abrigado. Além disso, dois anos é o tempo que considero máximo para uma criança permanecer abrigada e longe de uma família. Bebês se tornam maiores e engrossam as estatísticas de abrigamento porque não há uma campanha sólida em favor da adoção em nossa sociedade. Há sim campanhas para promover a fertilização in vitro, mas para a adoção não há porque o tema ainda é um tabu neste país.

Em muitos testemunhos que ouvi, a adoção parece um refúgio ao fracasso biológico de um homem e de uma mulher em gerar um ser. O que não é real. Adotar é sim preencher o desejo de ser pai e mãe. É o nobre desejo de abrir mão de orgulhos e conceitos para receber como filho, ou filha, um ser que não tem seu tipo sanguineo e não herda a sua tradição familiar. Vem de outro sobrenome e, com o tempo e com a dedicação, passará a ter o seu. Adotar é amar, é sofrer, é viver por alguém. É dar amor com a garantia e com a confiança que estará realizando uma missão no mundo. A missão de levar o amor sem medida e o amor real para alguém que não merece o desamor.

Tais debates que circulam em outros tópicos e grupos pela web valem sim para fazer promover uma reflexão sobre a realidade que circunda o universo da adoção neste país. É preciso mudar para incentivar a adoção. É preciso mudar para se ofertar novos rumos para tantos brasileiros e brasileiras que sonham com um lar, com uma vida, com um direito garantido: o direito a viver em uma família.

domingo, 6 de maio de 2007

PARA ENCHER A CASA, É PRECISO OBSERVAR...

Ao ler em uma comunidade sobre adoção no Orkut um scrap onde uma internauta dizia que está disposta a adotar várias crianças, as colocações da participante chamaram a minha atenção.
Me chamou a atenção o fato de dizer que adotaria inúmeras crianças. Bem, em minha avaliação, acho a iniciativa e o pensamento muito bonito, mas é irreal. Conheço e vi casos em que casais ou até mesmo pessoas solteiras adotaram uma, duas, três, quatro ou mais crianças.

Mas me pergunto, que qualidade de atenção e de apoio um pai ou mãe pode dar para vários filhos. No caso da adoção, ainda é mais complexo ainda. Porque cada criança adotada vem com uma história e uma personalidade diversa. Cada filho que chega até nós vem com necessidades e com especificidades diferentes, e estas características precisam ser observadas. Para se observar um filho, deve se dedicar um tempo para dar atenção, para ver suas reações, seus pensamentos e suas ações. Com uma prole muito grande, acho bem difícil conseguir dar atenção e prestar uma criação de qualidade.

Não quero com este comentário criticar ou condenar quem adota mais de duas ou três crianças. Se há condições financeiras e um bom preparo emocional para isso, que bom, vá em frente. Mas se apenas a iniciativa de fazer o bem e fazer caridade com a adoção é levada em conta, chamo a atenção para pensar bem no que deseja fazer.

Receber um filho, ainda mais se for um filho maiorzinho, requer inúmera atenção, tolerância redobrada e exige dos pais iniciativa para correr atrás de informações para responder suas dúvidas. Afinal de contas, falamos de seres humanos, de uma pessoa que não nasceu de você e que está passando a te conhecer naquele momento. Ela precisa de cuidados, até porque ela irá apresentar regressões em seu comportamento para te encontrar dentro de si mesma. Isso merece tempo e observação.

Com um, dois ou mais filhos, aí as coisas ficam mais complexas. Porque é impossível atender a todos os filhos com o mesmo cuidado e intensidade. Vale lembrar que, apesar de sabermos que não há diferença de amor entre filho biológico e filho adotivo em nossos corações, há diferença sim, porque é uma pessoa que você está passando a conhecer. E para conhecer e amar incondicionalmente você precisa sim observá-lo.

Tá dado o recado...

sexta-feira, 4 de maio de 2007

SERVIÇO: GRUPOS DE APOIO À ADOÇÃO PELO BRASIL

Veja nesta relação de endereços se existe algum Grupo de Apoio à Adoção próximo.
Normalmente, esses grupos prestam trabalho voluntário, e na grande maioria são formados por famílias adotivas, que melhor poderão auxiliá-lo, informe-se de quais os objetivos do grupo e veja qual é o mais indicado à você.

ACRE
Rio Branco
Grupo de Estudos e Apoio a Adoção do Acre – GEAAC
Responsável – Waleska Rodrigues
Caixa Postal 1502 – CEP: 69912-970Fone: 0xx – 68 – 226.3661

BAHIA
Ilhéus
Projeto Acalanto de Ilhéus/BA
Responsável – Vilma Beer
Rua Rotary, nº 258, Cidade Nova, CEP: 45650-000 - IlhéusFone: 0xx – 73 – 231.1666

Salvador
Associação de Pais Adotivos e Amigos – Viver Adoção
Alameda das Acácias, nº 19, Pituba, Salvador, BahiaFone: 0xx – 71 – 358.0814
E-mail: viveradocao@ig.com.br

DISTRITO FEDERAL
Brasília
Projeto Aconchego – Apoio à Adoção
End.: SRES Centro comercial do Cruzeiro, Bloco "D-20", sala 403, CEP.: 70640-515 - Brasília/DFFone: (0xx61) 361-4298 - 9988-3566
E-mail: projetoaconchego@tba.com.br
Home-page: http://www.projetoaconchego.com.br
Presidente: sra. jandimar Guimarães

MATO GROSSO DO SUL
Campo Grande
Grupo Adote
Avenida Calógeras, nº 1625 (Juizado), CEP: 79004-000Fone: 0xx – 67 – 383-5779

PARAIBA
Campina Grande
Grupo de Apoio à Adoção de Campina Grande – GAAD
Rua Ricardo Wagner, nº 200 – 1º andar, BondocongóCEP: 58100.000, Campina Grande – PBFone: 0xx – 83 - 333.2004

João Pessoa
Grupo de Estudos e Apoio à Adoção de João Pessoa - GEAD
Responsável: Marinalva de Sena Brandão Caixa Postal: 5121 – CEP: 58051-970 - João Pessoa Fones: 0xx – 83 - 221.1384 / 235.2342

PARANÁ
Curitiba
Associação Brasileira Terra dos Homens
Psicólogo: Fernando FreireBoletim: “Uma família para uma criança”
Caixa Postal: 18092 – CEP: 80811-970 – Curitiba

Curitiba
Projeto Criança – Departamento de Psicologia da UniversidadeFederal do Paraná
Responsável: Profª Lidia Natália Dobrianskyj Weber
Rua Castro Alves, nº 785/21, Curitiba, CEP: 80240-270E-mail: lidiaw@uol.com.brHome-page: http://www.brasil.teravista.pt/Ipanema/2172

Curitiba
Projeto Recriar: Família e Adoção
Responsável: Lúcia H. Kossobudsky
Rua Napoleão Lopes, nº 40, aptº 11 – CEP: 80530-090, CuritibaFone/fax: 0xx – 41 – 252.5162
E-mail: luciank@inetone.com.brPetrecca@netpar.com.br

Londrina
Grupo de Apoio à Adoção de Londrina - GAAL
Responsável: Eclair Soares Mettitier
Rua Antero de Quental, nº 21 (Sr. Decebal Andrei), Londrina
CEP: 86047-540Fones: 0xx – 43 – 329.9955 (falar com Eclair)337.2505 (falar com Decebal Andrei)E-mail: mettitier@sercomtel.com.brHome-Page: http://www.gaalondrina.he.com.br

Ponta Grossa
Projeto de Extensão: Adoções Necessárias – UniversidadeEstadual de Ponta Grossa/CMDCA
Responsável: Profª Edite Franke
Rua Cel. Dulcídio, nº 395 – CEP: 84010-280, Ponta GrossaFone: 0xx – 42 – 224.5501

PERNAMBUCO
Recife
Grupo de Apoio à Adoção de Recife - GEAD Recife
Rua Pio IX, nº 384 – Torre, CEP 58710-260, Recife Fone: 0xx – 81 - 445.1323 (Presidenta)- 441-2083 (Eneri)963-3911 (Dolores)E-mail: geadre@hotlink.com.br E-mail: schettin@elogica.com.br E-mail: rsmelo@elogica.com.br Home Page: http://www.hotlink.com.br/gead-recife/

RIO DE JANEIRO
Barra Mansa
Grupo de Estudos e Apoio à Adoção de Barra Mansa - Aconchego
Responsável: Márcia Lopes de Carvalho
Avenida Domingos Mariano, nº 83, Sala 906 – CEP: 27345-120Fone: 0xx – 24 – 322.4921/322.6065E-mail: nana.cristina@sidenet.com.br (falar com Cristina)

Campos
Grupo de Apoio à Adoção de Campos
Responsável: Sueli Trindade Ferreira
Rua Teixeira de Freitas, nº 150 – CEP: 28040-390Campos dos Goytacazes – Rio de Janeiro

Rio de Janeiro
Associação Brasileira Terra dos Homens
Rua General Polidoro, nº 183/ 502 – Botafogo – CEP: 22290-000Fone/fax: 0xx – 21 - 275.3168 E-mail: abth@fst.com.br

RIO GRANDE DO NORTE
Natal
Projeto Acalanto de Natal - PAN
Responsável: Rejane Maria Bruno
Av. Jornalista Djair Dantas, nº 1382 - Lagoa Seca CEP: 59022-370 - Natal
E-mail: pan@digi.com.br Home Page: http://www.samnet.com.br/solidariedade/acalanto

RIO GRANDE DO SUL
Novo Hamburgo
Instituto Amigos de Lucas do Vale do Rio dos Sinos
Contatos: Suzana Sofia Moeller
Caixa Postal: 3028, CEP: 93320-400, Novo Hamburgo/RSFone: 0xx – 51 – 587.7485 ou 9982.6581
Porto Alegre
Instituto Amigo de Lucas
Avenida Plinio Brasil Milano, nº 388/104CEP: 90520-000, Porto Alegre-RSFone: 0xx – 51 – 343.9676

RONDÔNIA
Porto Velho
GERAR
Responsável: Denise Tofani Malheiros Rua Rogério Weber, nº 2396 (Juizado)CEP: 78900-450, Porto Velho Fone: 0xx – 69 – 221.4877/ 224.1085

SANTA CATARINA
Araranguá
GEAA de Araranguá: Filhos do Coração
Fone: 0xx – 48 – 522.0424/ 522.0422E-mail: jeg2896@tj.sc.gov.br

Blumenau
SGEAA de Blumenau
Fone: 0xx – 48 – 326.8177

BrusqueGEAA de Brusque
E-mail: im5317@tj.sc.gov.br

CaçadorGEAA de Caçador
Fone: 0xx – 49 – 663.1466

Chapecó – Concórdia – Xanxerê - XaximGEAA de Chapecó, Concórdia, Xanxerê, Xaxim
Fone: 0xx – 49 – 442.0099

CriciúmaGEAA de Criciúma
Fone: 0xx – 48 – 437.3744

Florianópolis
Grupo de Estudos e Apoio à Adoção de Florianópolis - GEAAF
Rua Belmira Isabel Martins, nº 62, sala 504CEP: 88075.145 – FlorianópolisFone/Fax: 0xx – 48 - 348.3399/233.3677/240.1110E-mail: geaaf@portadig.com.br
Home Page: www.portadig.com.br/geaaf

Itajaí
GEAA de Itajaí
Fone: 0xx – 47 – 348.0433

Joinville
Grupo de Estudos e Apoio à Adoção de Joinville - GEAAJ
Rua Arara, 650 CX. POSTAL 568 - Bairro Aventureiro CEP: 89226-010, Joinville
Fone: 0xx – 47 – 467.5418e-mail: hori@netvision.com.br
Home Page: www.geocities.com/Heartland/Shores/3075/index.html

Lages
GEAA de Lages
Fone: 0xx – 49 – 224.0188
E-mail: amc1267@tj.sc.gov.br

Laguna
GEAA de Laguna
Fone: 0xx – 48 – 646.0167
E-mail: imgs2822@tj.sc.gov.br

Mafra
GEAA de Mafra
Fone: 0xx – 47 – 642.3055
E-mail: rg1902@tj.sc.gov.br

São Bento do Sul
GEAA de São Bento do Sul
Fone: 0xx – 47 – 633.0094

São Miguel do Oeste
GEAA de São Miguel do Oeste
Fone: 0xx – 49 – 437.3744

SÃO PAULO
Araçatuba
Associação de Pais e Filhos Adotivos de Araçatuba - APFA
Responsável: Marly A. Garcia Souto Rua do Fico, 420 – CEP:16055-050 Araçatuba
Fone: 0xx – 18 - 622-3933 e-mail: retomada@ata.zaz.com.br

Campinas
Associação de Pais Adotivos – APA
Av. Princesa D’Oeste, 1295/ 152 - CEP 13026-430 Campinas Fone: 0xx – 19 - 251.2500

Itapetininga
Grupo de Apoio à Adoção de Itapetininga - GAADI
R. Campos Sales, 554 - A s/Loja - CEP 18200.000 Itapetininga– Fone: 0xx – 15 - 271.9049
E-mail: gaadi@ebras.com.br

Ourinhos
Grupo de Incentivo e Apoio à Adoção da Região de Ourinhos
Responsável: Ivone Jaime
Av. Gastão Vidigal, 476 – CEP: 19900-000 - Ourinhos
Fones: 0xx – 14 – 322.4206 (Ivone) ou 322.2406 (Laura)
E-mail: santiago@ourinhos.com.br (Ivone)
Home Page: www.ourinhos.com.br/giaaro

Pirajú
Projeto AmorAv.
Dr. D. T. Gallo, nº 27CEP: 18800-000Pirajú – São Paulo

Ribeirão Preto
Grupo de Apoio à Adoção de Ribeirão Preto R. Visconde de Inhaúma, 959 – CEP 14010.100
Ribeirão Preto

Rio Claro
Grupo de Apoio à Adoção de Rio Claro - GAARC -
Responsável: Verena E. Winkel Parreira Caixa Postal, 470 - CEP 13500.970 Rio Claro
Fone: 0xx – 19 - 524.6542 / 534 5165 Fax: 0xx – 19 – 523.6137
E-mail: gaarc@linkway.com.br
Home Page: www.linkway.com.br/gaarc

São Paulo - Capital
PROJETO ACALANTO
Responsável: Cynthia dos Santos Miranda
Rua Ferdinando Rutini, 359 – CEP 05143-240 São PauloFone: 0xx – 11 - 835-4002
E-mail: adocao@projetoacalanto.org.br
Home Page: http://www.projetoacalanto.org.br

Mogi das Cruzes
Projeto Monte Refúgio
Contato: Clélia Cezar
Caixa Postal 3205 – CEP: 01065-970, São Paulo
Fone: 0xx – 11 - 4727-7981 e-mail: cleliazc@netmogi.com.br jccezar@netmogi.com.br

Santos
Associação de Pais adotivos de Santos
Av. Ana Costa 417 cj.13 - CEP 11060-003 Santos
Fone: 0xx – 13 - 284.2863
E-mail: gpsantos@bignet.com.br

CORRERIA URBANA: BILHETINHO DE PAI

Filha,

poderia dizer milhões de coisas para você. Poderia trazer o céu, as estrelas, ir com você viajar no infinito. Poderia tomar um banho de mar, ficar com você olhando o luar.

Posso brincar com você, posso olhar para você, posso até chorar com você.

Podemos, juntos, nos completar, realizar os nossos sonhos, ser felizes como devemos ser.
Estou apressado, saindo para mais um dia de luta, mais um dia de trabalho árduo.

Não sei a que horas volto para casa. Mas peço para você me esperar. Peço para te encontrar acordada, para ver o seu sorriso irradiante.

Posso simplesmente só olhar para você. Porque olhar já me satisfaz.

Hoje corro muito, trabalho muito, enfrento trânsito, vivo no stress desta grande cidade. Mas faço tudo para te encontrar, para te achar, onde quer que você esteja.

Não estamos juntos no olhar, mas em nossos pensamentos. Me lembro de ti o tempo todo.

Filha, obrigado por você existir. Você não sabe o quanto construiu em minha vida. O quanto sol trouxe para o meu planeta. O quanto estrelado se tornou o meu horizonte. O quão azul se tornou o meu mar.

Tchau filha. O pai vai trabalhar. Tô atrasado......

DEU NO JORNAL: DEVOLUÇÃO DE CRIANÇAS

Aumento nas “devoluções” preocupa

Por Érika Busan, Gazeta do Povo/PR

O recente aumento na aceitação de crianças maiores para adoção trouxe um problema que preocupa todos os envolvidos no processo, a “devolução” de crianças. “Do ponto de vista emocional a devolução é sentida pela criança como uma reafirmação do trauma da separação – ou rejeição – de sua mãe biológica. Nesses casos, um bloqueio no desenvolvimento psíquico, físico e cognitivo é inevitável”, alerta a psicóloga Sibele Miraglia, que adotou Fábio, 10 anos, há um ano.
Mas o que acontece para alguém que se dispõe a passar por um processo, esperar algum tempo – mais curto quando as crianças são maiores – para simplesmente desistir? “Isso é uma sociedade que reproduz o mercado, a cultura do descartável”, afirma a psicóloga Barbara Snizek, que fez um trabalho de pós-graduação sobre adoção. “Para a criança, é catastrófico”, garante.Falta também preparo para esses pretendentes à adoção. “Ter um filho é também agüentar frustração. Entre o sonhado, o ideal, e o que a criança realmente é, há uma distância.

Talvez na maioria dos casos não tenha a ver com ser adotado ou não, mas com o fato de que ninguém tem idéia do que é ter um filho”, diz Barbara.“A culpa também é nossa”, assume a psicóloga Andréa Trevisan Guedes Pereira, da Vara da Infância e Juventude – Adoção. “É um processo que está mudando, as pessoas aceitam crianças maiores e estamos fazendo o processo da mesma forma. Elas têm de ser melhor preparadas.”

Os técnicos da Vara estão iniciando um projeto para ampliar o trabalho de pré-adoção, colhendo dados com quem já adotou para saber onde estão os problemas. “A idéia é passar a experiência de quem já viveu isso, como a criança costuma se comportar, como sua experiência da vida anterior influencia na adaptação”, conta a assistente social da Vara de Adoção, Salma Mancebo Corrêa.

Em Curitiba, os pretendentes à adoção passam por um curso preparatório de três dias. “Enquanto em outros países os adotantes precisam passar por extensos cursos – no mínimo 6 meses – para compreender o processo que envolve uma família por adoção, no Brasil, a maioria dos Juizados nem dispõe de preparação, simplesmente seleciona”, indigna-se a doutora em psicologia Lidia Weber.

Talvez falte mesmo para esses pretendentes compreender que a adoção é apenas um outro caminho para se ter um filho. Que, como qualquer criança, traz alegria, tristeza, emoção, dúvida, carinho, faz birra, se suja, desobedece, dá aquele abraço inesperado. É preciso estar aberto para recebê-lo.

COMO FALAR COM AS CRIANÇAS, POR ROSELY SAYÃO

Vejam só que texto interessante encontrei no blog de Rosely Sayão. Vale para todos nós e vou reproduzir neste espaço:


Mesmo sem perceber, a gente adora enquadrar as pessoas em categorias para defini-las e descrevê-las. Quando isso envolve uma criança, criamos um problema. E pais e professores fazem isso em profusão. "Meu filho é tímido", "aquela criança é agitada", "fulano é mentiroso", "tal aluno é fofoqueiro" são algumas descrições que já ouvi adultos fazerem a respeito de crianças.

E, de fato, essas crianças podem apresentar as características apontadas.Mas, por que isso é problemático?É que a criança vive, na infância, o período em que constrói sua imagem, e esse processo ocorre a partir de matrizes de identificação que ela encontra no ambiente em que vive. Quando uma criança mente algumas vezes e, a partir de então, passa a ser descrita como mentirosa, essa matriz passa a fazer parte da imagem que ela constrói a seu respeito. E vira até profecia, mesmo quando negada.

Quando um educador, familiar ou escolar, diz para uma criança que ela não deve ser mentirosa, por exemplo, está afirmando que ela já é, ou está se tornando.Mentir é diferente de ser mentiroso, mas uma criança ainda não faz essa distinção e, quando percebe que essa imagem a descreve, acaba por tomar essa referência para se situar, para se perceber e para se identificar.

Ela adota uma parte como o todo e, a partir de então, é bem mais provável que a mentira passe a se tornar mais freqüente em sua vida. É que é assim que ela se reconhece porque é assim que os adultos próximos a reconhecem. O que um adulto diz para uma criança a respeito dela funciona, na verdade, como em espelho.Pode parecer apenas uma questão de construção lingüística, mas não é.

Dizer para uma criança que ela mentiu e dizer que ela é uma mentirosa faz uma grande diferença no seu desenvolvimento. Ralhar com o filho por ele ter feito sujeira onde não deveria é diferente de dizer que ele é um porcalhão. Chamar a atenção de um aluno por ele não parar quieto quando deveria é bem diferente de dizer que ele é hiperativo.Além disso, enquadrar a criança em determinadas categorias de comportamento ou de atitude, aniquila também a possibilidade de ela experimentar até encontrar o jeito mais adequado para si.
Lembro-me de um fato bem interessante que ilustra essa questão.

Três crianças entre seis e oito anos, mais ou menos, almoçavam juntas no restaurante de um hotel. Os pais estavam por perto, mas elas preferiram a independência. Enquanto almoçavam, conversavam e se observavam, é claro. Em determinado momento, uma delas tirou um alimento do prato e colocou sobre a toalha da mesa. A outra, atenta, disparou: "Isso é feio! Se você não quer comer, deixa no prato". A resposta veio curta e grossa: "Eu sei". E, quando indagado do motivo de, mesmo assim, fazer, o garoto afirmou com a maior tranqüilidade: "É que sou teimoso".

Dá para imaginar que essa criança ouve isso com muita freqüência, não é verdade?

MENTIRA COM PERNAS CURTAS

Como decifrar as causas que levam nossos filhos a mentir? A pergunta parece complexa, mas na realidade é muito mais complexa do que imaginamos. Mentir se torna um comportamento repetitivo, uma tática para a sobrevivência. Mentir é construir um mundo imaginário de beleza, de sonho, de perdão e até de amor. Sim, de amor, porque o abandono nos faz construir uma ciranda de ilusões, onde estamos rodeados por pai, mãe, irmãos e primos em uma casinha colorida no meio de um lindo bosque.

Faço uma breve historinha para relatar uma realidade que também vivo. Vivo a observar a pregação de pequenas mentiras por parte de minha filha. Mentiras que até agora não causaram graves conseqüências, mas que, tais práticas podem levá-la a viver situações perigosas. A última mentira que criou foi a de ter deixado um caderno de aula na gaveta do professor de capoeira, onde ela pratica. Ao procurarmos o tal caderno junto ao professor, o mesmo contou que ele não sabe da existência de tal caderno. Mais uma mentira, porque após ser questionada, ela respondeu que perdeu o caderno. Não teria sido mais fácil se ela tivesse falado desde o início a verdade sobre a perda do caderno?

Com certeza sim, seria muito mais fácil para ela e para todos nós. Mas esta é a lógica de um problema que desejamos ser resolvido assim. Na verdade, não foi. Não é. Não é porque nossos filhos tenham uma índole má e criminosa que os leva a mentir. Neste caso, e isso em minha modesta vivência, vejo que a mentira é o melhor caminho para livrar a alma e o corpo do castigo físico, da reprovação por um xingamento ou de uma provável rejeição. O fantasma da rejeição volta com toda a força, principalmente se seu filho ou filha for uma criança maiorzinha. O medo de voltar a conviver com as dores que o marcaram na primeira fase de sua infância. O medo de ver o amor ser abalado. O medo de apanhar, sofrer violência física e de levar para o resto da vida mais um trauma. Para nós é fácil castigar. Para eles, é difícil chorar mais uma vez.

A solução para tal impasse não é uma gotinha de elixir para aliviar cólica e pronto. A solução passa pelo diálogo e por promover situações que levem a criança a refletir e pensar como a mentira pode ser prejudicial para a sua vida. Para fazer com que ele perceba o quão negativo é mentir, experimente contar a ele sobre o plano de fazer um belo passeio, prometendo muito algodão doce, brincadeiras e presentes. Faça isso e depois diga a ele que tudo não passou de uma mentira. Diante da revolta e da frustração de seu filho, pergunte a ele como se sentiu com o fato? Faça com que ele sofra a mesma frustração que você sofre quando descobre que ele mentiu para você. Se ele parar e pensar, pode ser um caminho para começar a mudar, para fazer força e tentar vencer a batalha contra o monstro da mentira.

A todos nós pais, desejo uma boa sorte, e mais. Desejo tolerância, paciência e sabedoria. Busque em sua casa, com mais filhos e com seu esposo ou esposa, caminhos para ajudar o seu filhote do coração a derrotar a mentira. Hoje a mentira é boba, amanhã pode causar uma tragédia.

Tá dado o recado.

terça-feira, 1 de maio de 2007

ESTUDAR PARA CONSTRUIR A LIBERDADE

Educação é importante e mais importante ainda é ensinarmos a nossos filhos o gosto pelos livros e pela escola. A escola é um espaço onde eles aprendem a ser cidadãos, além de nós, em nossa casa. É na escola que nossos filhos aprendem a se socializar com outras crianças, a trocar, a ajudar, a ser solidários.
Isso eu procuro trabalhar bastante com a minha filha. Sempre passo a ela que o caminho para a liberdade está nos livros. É nos estudos que a gente consegue sonhar. Sonhar em construir um mundo melhor, sonhar em construir o seu próprio mundo. E isso não é fácil não. Nossas crianças são frutos de uma geração estressada, que corre atrás da máquina e que cresce diante das babás eletrônicas. A televisão faz este papel, de forma muito nociva. Ao contrário dos livros, que te permitem desenvolver a criatividade, a televisão faz o contrário. A televisão, digo, as programações da TV aberta, de modo geral, despejam nas crianças os seus valores de consumo, de família, de vida. E que nem sempre, ou quase nunca, são os nossos valores familiares.

O que fazer diante deste dilema: ensinar e formar nossos filhos para valorizar a escola, valorizar os livros, valorizar a educação como um caminho para a liberdade. Não fazer da educação um caminho coercitivo, onde você só vai receber algo se der algo em troca. Mas devemos estimular nossos filhos a lerem e criarem, porque a criatividade da criança deve ser estimulada e não deixarmos que a tevê venha a tolir a liberdade de nossas crianças, impondo valores, impondo consumo.

Tá dado o recado.

FALAR FIRME É NECESSÁRIO: OS FILHOS GOSTAM

O que vou postar aqui é algo bem simples e bem interessante, porque só com a convivência diária com nossos filhos é que a gente se desenvolve. Pai e mãe de primeira viagem, ou melhor, de primeira adoção, e de um filho maiorzinho como é o meu caso, sempre fica numa dúvida. Como devo usar a autoridade para não ferir ou traumatizar a criança, que já traz traumas, dores e experiências terríveis de repressão?

Devemos usar a autoridade em corrigir nossos filhos com muito amor no coração. Ele deve perceber que você, mesmo sendo firme, está fazendo aquilo para o bem dele. Isso eu passo com minha filha. Eu não guardo mágoas ou ressentimentos do que me diz. Fez algo, já ouve a correção na hora. Nunca deixe de corrigir seu filho depois. Corrija sempre na hora, no momento em que cometeu alguma ação errada. Ele precisa saber que o que faz não é aprovado. Precisa ter a baliza e o limite entre o bem e o mal. Eles não aprendem isso no orfanato, porque ali não é lugar para ensinar valores. O filho do abandono é o filho que aprendeu a sobreviver, a se defender e a lutar por seu espaço, seja de que jeito fosse. E agora que ele tem uma família, fica perdido e não sabe como agir, porque simplesmente vai repetir comportamentos e ações as quais acreditavam ser corretas. Tem coisas boas, outras, nem tanto. Mas temos que saber usar a nossa autoridade e trabalhar valores com nossos filhos. É de pequeno que se forma.

Hoje mesmo, vivi uma situação semelhante. Fiquei irritado com algo que minha filha fez e chamei atenção sim. Ela, ao final de tudo, disse que eu não era uma pessoa má. Que bom, porque ela entendeu tudo o que aconteceu. E mais, ela viu que a repressão foi um ato de amor e de educação para com ela. Bico e cara feia, nossos filhos fazem mesmo. Mas pior é a gente ficar quieto e não usar a autoridade porque tem medo de o machucar. Mais machucados que nossos filhos foram no passado, com certeza não serão pela gente.

Abraços a todos.