quarta-feira, 7 de maio de 2008

QUANDO O SIM NÃO SUPERA O NÃO...

Amigos leitores, nosso PAIS ADOTIVOS SA volta aos poucos. Diante a tudo o que vemos, e é claro, ainda acompanhamos chocados os últimos acontecimentos envolvendo o caso Isabella Nardoni, peço licença a todos para falar de um mail emocionado que recebi neste espaço, e que quero contemplar com vocês.
Quem me enviou é um leitor anônimo e vou respeitar o seu anonimato. Se ele quiser, no futuro, se identificar, será bem-vindo.

O que ele me escreveu neste mail foi um depoimento acerca de sua própria história. Ele havia encaminhado a adoção de uma menina de 10 anos, aqui em Santa Catarina. Passados alguns meses, creio que esta família já estava com o Termo de Guarda da menor, para após concluir o processo de adoção, os mesmos resolveram desistir do processo de adoção e, a pedido da menina, a encaminhá-la de volta ao abrigo em que vivia.

O caso é bastante interessante. Não se trata de fazer sensacionalismo em cima disso. Até porque a proposta deste espaço não é esta. Mas me chamou a atenção um fato que pode acontecer a todos os pais e mães de coração que se dispõem a acolher e a adotar uma criança maior, a famosa adoção tardia. Sempre se pensa que uma criança pode ser devolvida, e se observa isso na prática, por falta de adaptação nossa a este menor, que chega em nossas vidas carregando chagas e dores passadas. No caso que me foi enviado, a menor não conseguiu se adaptar a família. Não conseguiu abrir o seu coração a um novo pai, uma nova mãe, a uma nova vida. Como isso pode acontecer? Uma criança não querer uma nova família?

É possível sim. Quando se abre o coração para uma criança maior, abrimos o coração para acolher uma história de dor, de violência, de abandono e de rejeição. E são sentimentos os quais as crianças apenas o conheceram. Fica difícil exigir amor e compreensão de quem apenas recebeu desamor. Para nós, que não viemos desta cruel realidade, pode parecer fácil resolver tudo com abraços, beijos, mimos, presentes e afins. Mas não é. O sofrimento desta criança, a tortura que ela passa internamente, custa muito a passar. Ela precisa sim adquirir uma nova confiança. Um novo acreditar. Começar a apagar a má imagem que teve um dia de um pai, de uma mãe, e sim ver que ela pode ser amada. Que pode um outro homem ou uma outra mulher, porque é assim que ela te vê, pode lhe dar confiança, amor, força e crença sobre o que é família. Esta nova adaptação, este novo querer, requer muito da criança. Ela se sente muito cobrada e muito exigida a aceitar. E aceitar para uma criança requer um tempo maior. Requer calma e tempo. Os sentimentos de uma criança são muito frágeis e suas reações são muito rápidas. A criança entende apenas o hoje e o agora. O tempo presente para ela é o que conjuga. Futuro a gente só aprende a falar quando cresce. Só para responder, de forma mais objetiva: é possível esta criança não conseguir superar dores e traumas passados. É possível e respeitável a ela não querer uma nova família. Para isso, deve sim haver acompanhamento e todas as fontes e formas para promover esta adaptação devem ser esgotadas.

Portanto, se você vive com seu filho(a) uma situação parecida, onde a dificuldade de adaptação continua, digo: persista no amor, na calma e na paciência. Porque leva tempo mesmo.

Quanto ao caso que recebi, não quero tecer nenhum tipo de julgamento. Até porque não cabe a mim julgar quem está certo ou errado na história. Acredito sim que não há erros, porque este risco é real a todos. Adoção é um processo bastante complexo. Adotar é abrir o coração, é se abrir e vencer também os seus próprios EUS e medos. É embarcar em uma viagem pelo desconhecido. Porque sentimento e comportamento humano é algo desconhecido.

Mesmo assim, é uma viagem válida. O passaporte é amor, compreensão, paciência e doação. É saber ouvir, falar, ajudar, apoiar, tudo no momento certo.

Um abraço a todos e uma boa leitura.

Enviem suas histórias e depoimentos. Teremos o prazer de falarmos sobre o tema.

2 comentários:

Anônimo disse...

Adotar não pode ter como foco sanar um problema de infertilidade do casal ou "dar um irmãozinho ao filho único"
A gestação do filho adotivo é mais complexa, os futuros pais devem estar sensíveis aos sentimentos da criança afim de perceber suas sdificuldade, sua resistência.
Procurar profissionais que os auxiliem é primordial.
É triste saber que essa "devolução aconteceu" não por conta dos pais, mas das circunstâncias que fazem parte das lembranças dessa criança.
Até quando Brasil, teremos gatos e cachorros usando coleiras Armani, Gucci, Dolce Gabana, banho de ofurô. Sendo que temos mais de 80 mil crianças a seream adotadas,a espera de um lar, que nem sempre pode dar certo, como podemos acompanhar o caso deste leitor.

Anônimo disse...

Caro amigo ñ sei c vc pode me responder..

mas vou perguntar..

Sou pai adotivo, tenho uma criança ela chama se Thais...
Adotei ela com 2 dia de nascida, mas a papelada saiu só quando ela tinha 1 ano e 8 meses..

Só q agora depois de quase 10 anos apareceu o pai genetico dela..
Ele diz q quer só conhecer ela>>

mas gostaria de saber, ele pode reverter esta adoção?

a mãe genetica dela assinou a adoção..

Gostei do seu blog..

vou adc vc ..

grato amigo..
gostaria muita da sua resposta.