quarta-feira, 22 de julho de 2009

AS PORTAS DO PASSADO

Creio que vocês, pais do coração, como eu, devem viver um dilema: como conviver com a história pré dos filhos de vocês até que eles cheguem até a vida de vocês.
Para contar melhor, minha filha tem outros irmãos, que vivem em uma instituição. Hoje tive uma surpresa interessante. O irmão dela, o biológico, mais velho, resolveu me procurar. Então, mandou um contato pelo Orkut querendo entrar no meu rol de amigos.

Interessante a iniciativa. Não fiquei surpreso, pois sei que ele gostaria de me procurar. Claro que aceitei. Acho bacana a ação de não querer apagar passado ou de ter algum tipo de ciúme da história do teu filho. Isso digo hoje, que estou mais maduro e também mais tranquilo diante do que sinto por minha filha. É um amor verdadeiro. Um amor sincero e que aceita e tolera a sua história e sua vida.

Vale dizer que adoção é um profundo laço de amor. Um laço eterno de união. É um laço onde alguém, no caso nós, pais adotivos, nos abrimos para acolher uma criança como um filho. Não é do sangue, mas é do coração. E no coração não há espaço para mágoas, rancores, ciúmes e ressentimentos. Um pai sabe e quantifica e diz tudo sobre o amor a um filho. Amor de pai é uma coisa, de irmão é outra, de amigo é outra ainda. O amor se divide e se mostra de diferentes formas, cores e jeitos.

Confesso que esse crescimento e essa maturidade só vem com o tempo. Só vem com o momento e com a hora certa. A construção de uma ponte de vida, como a de um pai para com um filho demora mesmo. Dizer que ama desde o momento que viu, é uma visão romântica. É bonita, mas é super romântica. É agradável aos olhos da psicologia e da conduta social. Mas sabemos que pode não ser real dentro do que chamamos de coração.
Amor vem com o tempo.

Sou muito tranquilo em dizer que não tenho nenhum tipo de receio. E que inclui o jovem no meu rol de amigos. Por que é assim que os ligados aos nossos filhos são, são nossos amigos. E amigo a gente pode contar. Amigo nos apóia, nos puxa a orelha, mas no fundo nos ama e nos aceita como somos.

Se você vive uma situação igual a essa que eu relatei, não vou dizer para você que você tem que abrir as portas e aceitar tudo. Até porque é mentira e é conversa fiada. Tudo leva um tempo. Leva um tempo para nós aceitarmos a história real de nossos filhos, aceitar seus possíveis irmãos ou pais biológicos. Essa parte então é que pega. É o nosso maior desafio. E para termos a segurança leva mais um tempo ainda.

Posso dizer a vocês que hoje vivo esse tempo, hoje vivo esse momento maduro acerca do que sinto ter por minha filha. Ela é a minha filha, meu amor, mas não é minha propriedade. Não é propriedade de ninguém. É criação de Deus, tão bela e tão formosa, isso sim.

Abraços a todos e continuem se comunicando, porque o PAIS ADOTIVOS SA tá aí pra isso mesmo. Para se comunicar.

Abraços

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