sexta-feira, 16 de março de 2007

A HERANÇA

Postei este título no tópico para dialogar um pouco sobre algo que nossos filhos trazem: a herança.
Se esta for uma herança financeira, aí sim vai se cumprir o rigor da palavra. Mas sabemos que a herança que falamos não é esta. O que falo neste espaço é da herança além dos traços genéticos. É a herança de uma família que foi o palco da geração. Antes deste pai, existiu outro, existiu outra mãe e também possíveis irmãos. Quando nossos filhos não conhecem esta parte de sua história, parece que eles não ficam tão apegados. Mas quando acontece o contrário, volta e meia as lembranças vem nas suas falas. A herança parece que é viva, parece que é tão real e próxima.

Na cabeça de nossos filhos e filhas, as lembranças de um passado se tornam lindas e coloridas. A ingenuidade da criança constrói uma atmosfera azul. Azul porque eles imaginam a candura de uma mãe biológica, citam inclusive fatos e situações a qual sabemos que eles nunca viveram. Tudo é a imaginação, é o irreal que passa a suprir o duro real. Nosso exercício vem em administrar tudo isso. Administrar aquilo que sai da boca deles e também administrar o como alimentar, ou não, a herança colorida que nossos pequenos trazem.

Mexer com dor é algo bastante difícil e complexo. Mais doído ainda é ter que fazer nossos filhos enxergarem e verem que a herança que trazem não poderá ser desfrutada e tampouco dividida. São lembranças e sonhos que não condizem e não se mostram reais e futuros. Conduzi-los a um futuro cada vez mais distante do passado é difícil. Isso não passa por proibições, cortes de vínculos, afastamentos. Passa sim por fazer nossos pequenos enxergarem que a vida os espera.

Fazer com que passem a acreditar que não precisam mais utilizar a fantasia e o sonho para conseguir conviver com o real. Nosso maior desafio é fazer nossos filhos verem que a herança é desnecessária. Ou seja, que passa a ser importante eles enxergarem o futuro e ver que podem ser felizes, sem precisar remoer as heranças do passado. Mostrar o presente e o futuro a quem já sofreu, sem entender e apenas sentir, isso sim é bastante difícil e complexo. A nós, resignação e força para ajudá-los a cicatrizar suas dores e aquilo que eles não conseguem entender.

Ajudar nossos filhos a responder a pergunta QUEM SOU EU? ganha um novo significado. Nós perguntamos, nós filhos criados por nossos familiares biológicos, quem somos nós. Nós sabemos voltar para a nossa herança e contá-la. Aos nossos filhos, temos que ensinar, com muito amor e fé, que eles fazem parte de uma nova herança. Eles renasceram e renasceram para a liberdade, para a paz e para a cidadania.

quinta-feira, 15 de março de 2007

ADOÇÃO TARDIA, UM DESAFIO

ADOÇÃO TARDIA:

Vale a pena ler um trecho deste importante texto. A continuação, você poderá encontrar no site www.cecif.org.br


Adotar uma criança com mais de 3 ou 4 anos de idade, significa abrir seu coração e seu lar para um "filho da solidão". Significa mergulhar no universo sofrido das crianças que já tem um passado do qual tem ainda algumas lembranças, que em vez de ajudar na formação do caráter, constituem um obstáculo. Quanto mais tardia a adoção, mais vivas serão as lembranças do passado e mais enraizadas na sua memória as ilusões, sonhos, desejos e frustrações dos anos de abandono.

As professoras Lídia Weber e Lúcia Kossobudzki, da Universidade Federal do Paraná, em seus artigos e livros, documentam e analisam com competente rigor científico e extrema sensibilidade os ambientes em que definham os "filhos da solidão". No livro com este título síntese, nos é apresentada, com dados estatísticos e através de muitos depoimentos, a realidade vivida pelos menores institucionalizados ou simplesmente abandonados.Nas considerações finais, as autoras apontam que para o trauma sofrido por esses "filhos da solidão" existem as possibilidades de uma luz no fim do túnel (Cap. 9).A luz mais brilhante que desponta é o encontro de um lar, de uma família. Muitos o conseguem, saem do túnel, mas será que a saída se processa sem traumas, ou pedras no caminho?

Uma criança sai de uma Instituição (orfanato, abrigo, lar comunitário, etc...) geralmente através de uma adoção. Surgem então e passam a conviver, duas entidades distintas: o adotado e a família adotante. Em termos ideais, elas deveriam se complementar de maneira feliz. O filho adotado de uma lado grato e com o coração transbordante do amor represado durante os anos de "solidão"; do outro, a família sentindo-se plenamente recompensada e realizada através do seu novo membro. Em muitos casos a situação é esta, naturalmente com vários graus de perfeição. Noutros casos porém, o fardo do passado influenciando o comportamento da criança e a surpresa da família diante de manifestações decepcionantes, tornam a adoção uma tarefa mais parecida com um desafio....

sábado, 10 de março de 2007

GLOBO REPORTER: ADOÇÃO

Para comentar, digo que achei válida a exibição do Globo Repórter sobre Adoção. Mesmo não concordando com a superficialidade pelo qual o programa deu ao tema, digo que mesmo assim é válido o assunto entrar na pauta. Só vamos conseguir sensibilizar a mídia se realmente falarmos com a sociedade sobre o que é adoção, como adotar e como derrubar o preconceito que ainda existe sobre adoção.

Apesar de não ter concordado com alguns aspectos da pauta do programa, digo que foi válida a proposta. Queremos ver mais programas destes no ar....

A NOVELA DA VIDA REAL... PARTE II

As emoções da vida real continuam. E a novela da vida real também. Ainda é uma história que não chegou ao seu final. Ela vai continuar e por longos e longos anos.
Uma coisa digo: é cheia de desafios. Mas são desafios que dá para conciliar e lutar. A pior luta é fugir da raia e não enfrentar os desafios.
Digo que a história é real, mas peço para proteger o nome do personagem principal. É uma questão de proteção da imagem de alguém que ainda não pode se defender. E uma superexposição seria algo realmente muito perigoso. Não que não aceite dividir com todos esta história. Mas digo que é muito perigoso ficar apresentando um novo ser assim. Principalmente porque exposição de crianças na WEB é algo super perigoso. A gente nunca sabe realmente a intenção das pessoas. Tem gente séria, que apóia, que valoriza. Mas tem muito bandido solto na rede. Mesmo sendo um blog, é lido e visto. E me reservo aqui a contar a história da vida real, sem dar nomes aos personagens principais. O único personagem que será conhecido nesta história se chama EU. O resto vai ficar na imaginação. Também não vou colocar aqui fotos de ninguém. Não vou publicizar as minhas, a de minha filha e de minha esposa. A novela da vida real vai seguir, mas sem grandes informações sobre os personagens que a compõe.

No próximo tópico, volto com mais informações e reflexões...

sexta-feira, 2 de março de 2007

RASGAR O CORAÇÃO: EMOÇÕES DE UMA ADOÇÃO REAL

O desejo de adotar ele nasceu para mim em um momento muito especial de minha vida. Sempre conversei com minha esposa sobre o assunto e sempre a adoção esteve em meus planos de vida. Digo isso de forma muito positiva porque tenho casos em minha família e também conheço casos de adoção que se firmaram de modo muito positivo.

Amar é realmente um grande desafio. Chegado a Brasília, um ano após minha vinda para a cidade começara então a sentir que este processo aumentava em mim. Ao ler uma reportagem sobre adoção em uma edição dominical do Correio Braziliense, me senti impulsionado a visitar um orfanato, para então ver se realmente estava em meu desejo real adotar uma criança. Assim fizemos, eu e minha esposa.

Começamos a visitar uma instituição e não paramos mais. Dali passou a se desenvolver a maravilhosa experiência da troca. O adotar uma criança continuava sendo importante e fundamental, mais importante estava se tornando a construção de afeto e carinho para com os pequenos. Esse é um desafio, começar a se aproximar do universo infantil e abrir seu coração para o amor.

Nisso fomos. Dores e pedras apareceram na caminhada, mas nada me desestimulou a adotar. Pelo contrário, me via mais motivado a embarcar nesta viagem. Certo dia ingressamos com a documentação exigida na Vara da Infância e da Juventude aqui do DF. Um belo dia, o telefone toca. Uma criança nos é apresentada.....

QUER SABER A CONTINUAÇÃO DESTA HISTÓRIA,,, POSTO DEPOIS....

SÉTIMA ARTE: O CINEMA SOBRE A ADOÇÃO


NÃO DEIXE DE VER ESTES FILMES:


Annie - LK -Tel Vídeos/1982 - Dir: John Huston - Com: Albert Finner e Carol Burnet - Sinopse: Órfã é adotada por milionário após passar um tempo em orfanato. (Adoção tardia por família monoparental)- Infantil

Annie 2 - Uma aventura Real - LK -Tel Vídeos/1995 - Dir: Ian Toynton - Com: Joan Collins e George Hearn - Sinopse: Annie, já adotada e integrada em sua família, ajuda seu pai a se livrar de bandidos que querem roubar uma fórmula valiosa. (Adoção tardia por família monoparental)- Infantil

As crianças que ninguém queria - /1981 - Dir: Richard Michaels - Com: Fred Lehne, Michelle Pfeiffer, Matt Clark, Noble Willingham, Joey Tyrley, Barbara Barrie, Anne Haney. - Sinopse: Em 1952, o jovem Tom Butterfield (Lehne), de 19 anos, trabalha no Hospital do Missouri e se interessa pelo caso do menino Joey (Tyrley), um órfão que é obrigado a permanecer no hospital. Com o tempo, Tom, apoiado pela namorada Jennifer (Pfeiffer), consegue autorização para passear com o menino. Mais tarde, passa a levá-lo para casa e, posteriormente, recebe permissão para adotá-lo. Baseado em fato verídico sobre o primeiro americano solteiro e menor de idade que conseguiu tornar-se pai adotivo.- Drama

Uma Dose de Amor - CIC/1991 - Dir: Ken Olin - Com: Jimmy Smits, Kim Delaney - Sinopse: Garoto com problemas de desenvolvimento é adotado por professor solteiro. O pai descobre que os seus problemas tinham a ver com o alcolismo crônico da mãe biológica. É o início da luta para transformar o garoto numa criança normal.- Drama

Uma nova chance - Warner Home Vídeo/1994 - Dir: Chris Menges - Com: Willian Hurt, John Hurt e Chris Cleary Miles - Sinopse: Homem solteiro resolve adotar um menino. Após superar dificuldades de integração o menino o adota como pai. (adoção tardia)- Drama

LEIA SOBRE A ADOÇÃO

PAIS ADOTIVOS SA dá algumas sugestões bibliográficas para você, futuro papai e futura mamãe, ler a respeito desta espera. Mais do que acolher uma criança, é sempre válido ler sobre o tema. Nossas dicas são as seguintes:

MALDONADO, Maria Tereza. Os caminhos do coração. Pais e filhos adotivos. São Paulo:SARAIVA,1995

CEZAR, Clélia Zitto. Refletindo a adoção. São Paulo: Ed. MONTE REFÚGIO, 1998

BERTHOUD, Cristiana M.E.- BROMBERG, Maria Helena P.F. - BORREGO, Maria Renata M.C. Ensaios sobre formação e rompimento de vínculos afetivos. Taubaté: CABRAL EDITORA.Universitária, 1995

BERTHOUD, Cristiana. Filhos do coração. Taubaté: CABRAL EDITORA UNIVERSITÁRIA,1997

CUNHA, Aldemis Rodolfo- WESTHPAL, Jonas. Pais adotivos, Filhos adotivos. São Leopoldo: SINODAL, 1991

MATTOS, Eliete - NUNES, Regina Sales. Meu filho adotivo. São Paulo: ALMED, 1981

SCHETTINI FILHO, Luis. Compreendendo o filho adotivo. Recife: BAGAÇO, 1995

SCHETTINI FILHO, Luis. Compreendendo os pais adotivos. Recife: BAGAÇO, 1998

SCHETTINI FILHO, Luis. Adoção: origens, segredos e revelação. Recife: BAGAÇO, 1999

WEBER, Lídia N.D. Laços de Ternura. Curitiba:ED.SANTA MÔNICA, 1998

QUERO ADOTAR? COMO FAÇO?

Com a proposta de levar até o internauta um servição sobre o que é a adoção, posto aqui neste espaço um rápido tira dúvidas sobre o tema. Dúvidas virão ao longo da vida, mas por aqui dá pra se fazer um check-list de todas as dúvidas sobre esta forma tão especial de amar e acolher

ABRA SEU CORAÇÃO:

O que é adoção?
É uma maneira legal e definitiva de uma pessoa assumir como filho(a) uma criança ou adolescente nascido(a) de outra pessoa

Por que adotar?
Para dar a toda criança e adolescente o direito já lhe concedido por lei, de viver em uma famí­lia.

Onde e como se pode recorrer à adoção?
A única maneira permitida por lei para se adotar uma criança ou adolescente é fazendo solicitação junto a Vara de Adoção (Juizado da Infância e Juventude).

Pode-se registrar uma criança como filha sem recorrer ao Juizado da Infância e Juventude?
Não! Isto é ilegal, ou seja, é crime puní­vel com reclusão de 02 a 06 anos (art. 242 do Código Penal).

O registro em cartório pode ser cancelado a qualquer momento, dando aos pais biológicos o direito de recorrer à Justiça para reaver o(a) filho (a).
Registrar em cartório uma criança nascida de outra pessoa em seu próprio nome é ilegal.

Concluí­da a adoção, existe a possibilidade de os pais adotivos perderem o (a) filho(a) para os pais biológicos?
Não. A adoção feita através de ato judicial é irrevogável, ou seja, a adoção concedida pelo juiz não tem volta! A adoção legal garante ao filho adotivo os mesmo direitos do filho biológico, inclusive os de nome e herança.

É caro adotar uma criança ou adolescente?
Não! todo o processo de adoção do Juizado da Infância e Juventude é gratuito.

Como devo proceder quando meu plano de saúde não aceita incluir a criança como meu dependente durante o período de Guarda Provisória?

Neste caso, será necessário redigir uma carta para o Juiz de Direito da Vara da Infância e Juventude de sua Comarca relatando a situação e requerendo a inclusão da criança no plano de saúde conforme o previsto na legislação brasileira.(petição para inclusão da criança no plano de saúde).

Quem pode adotar?
Pessoas maiores de 21 anos, solteiras, casadas, separadas, viúvas, ou que convivam maritalmente, padrastos e madrastas, desde que sejam pelo menos 16 anos mais velhos do que a criança ou adolescente. Avós e irmãos da criança não podem adotar, mas podem pedir a guarda ou tutela da criança ou adolescente junto a Vara de Famí­lia.

Filhos adotivos dão mais problemas que filhos biológicos?
Não! Várias pesquisas e estudos mostram que os problemas de famí­lias adotivas e biológicas são os mesmos. No entanto, a preparação para a maternidade/paternidade é recomendável a toda e qualquer pessoa

Quando se deve contar à criança que ela é adotada?
A experiência mostra que o ideal é contar o mais cedo possí­vel, de forma verdadeira e natural, pois toda pessoa tem o direito de conhecer a história de sua vida. Viver uma mentira gera ansiedade, falta de confiança e insegurança à criança e aos pais.

É perigoso receber uma criança diretamente da mãe biológica ou de terceiros, sem a intervenção do Juizado da Infância e Juventude, com a finalidade de criá-la?
Sim é perigoso. Cuidado! Muitas vezes pessoas inescrupulosas, mais cedo ou mais tarde, usam este artifí­cio para extorquir e chantagear as pessoas que de boa-fé receberam a criança. Além disso, esta pessoa ou famí­lia pode vir a sofrer pressões, comprometendo seu bem estar e até o seu desenvolvimento emocional.

Qual a diferença entre abandono e doação?
Abandonar uma criança é deixa-la a própria sorte ou "esquecê-la" numa instituição, ou deixa-la com pessoas sem saber se estas têm condições de oferecer ambiente adequado ao seu desenvolvimento. Doar uma criança é abrir mão, no Juizado da Infância e Juventude, do direito de pai/mãe, em benefí­cio da criança, quando a pessoa não se sente capaz ou em condições de criá-la.

Por que procurar o Juizado quando se deseja doar um filho?
Por que o Juizado da Infância e Juventude possui profissionais capacitados para fornecer atendimento adequado, esclarecendo dúvidas e orientando a pessoa interessada com o objetivo de proteger a criança. Além disso, o Juizado possui cadastro de pessoas preparadas para a adoção.

O que são Grupos de Apoio à Adoção?
São grupos formados por profissionais, pais e filhos adotivos, ou quaisquer pessoas da comunidade preocupadas com o abandono de crianças e adolescentes, e que acreditam que a famí­lia é o melhor ambiente para um desenvolvimento saudável. Esses grupos têm como objetivo prevenir o abandono, estimular a adoção, dar apoio aqueles que adotam e educar a comunidade sobre o assunto.

quinta-feira, 1 de março de 2007

CHEGAMOS PARA FICAR E TE AJUDAR


Primeiro de março de 2007. O dia de hoje marca a criação de um blog voltado a falar de adoção. PAIS ADOTIVOS SA tem esta proposta. Não somos uma sociedade anônima empresarial, com tempo de duração, contrato social e outras coisas mais. Nosso espaço é aberto a todas as opiniões, textos, casos, reportagens, enfim, tudo o que envolve o universo da adoção.


Mas com certeza, você que passa a ler estas linhas deve se perguntar: por que este blog?


Simples, porque sou pai adotivo e quero compartilhar com vocês toda esta nossa experiência, toda esta nossa vivência. Uma vivência que aceita anonimato, um compartilhar a experiência da adoção como uma continuidade da vida.


Por algum momento, nos sentimos perdidos. Muitas vezes não sabemos a quem recorrer para nos esclarecer sobre esta nova convivência com os filhos que a vida nos presenteou. Nossa proposta não é substituir nenhum tipo de atividade terapêutica, até porque aqui não é um grupo de apoio a adoção ou terapia. PAIS ADOTIVOS SA se propõe a promover a comunicação, o debate, o diálogo e a informação sobre adoção. É um espaço jornalístico plural, que vai trazer depoimentos, entrevistas, comentários e também a interatividade com o leitor.


Espero poder ofertar um bom trabalho jornalístico sobre o assunto a todos vocês, leitores.

Sua participação sempre será necessária e bem-vinda.