quinta-feira, 26 de julho de 2007

ENTREVISTA: HISTÓRIAS DE AMOR, ADOÇÃO E GRATIDÃO EM LIVRO


Uma história de amor incondicional que chegará às bancas. Ainda está sem prazo de lançamento, mas para o gestor em Vendas Paulo Roberto Flores Castello Branco de Freitas, 30 anos, carioca de nascimento e morador de Florianópolis, Santa Catarina, falar sobre adoção é falar também de gratidão, de vida. E não só a sua história será contada, mas sim também outros relatos de filhos adotivos. PAIS ADOTIVOS SA entrevistou Paulo Roberto Freitas e apresenta mais sobre uma história de vida, de fé e de orgulho. Orgulho em ter uma família, orgulho em ser brasileiro e orgulho em militar favorável à adoção e ao final feliz de inúmeras histórias que povoam abrigos pelo país afora:

Pais Adotivos SA: O que a palavra adoção significa para você?Paulo Roberto Freitas: Adoção deve significar amor incondicional.

Pais Adotivos SA: Como foi a tua história de adoção?Freitas: Fui adotado com dois meses de idade no Rio de Janeiro, no lar Fabiano de Cristo. Meus pais podiam ter filhos biológicos, mas optaram pela adoção. Desde que me conheço por gente já sabia que era filho por adoção e sempre encarei isso de forma, segura, natural e com muito orgulho. Como sou negro e meus pais brancos, muitas vezes tive que estufar o peito para justificar nossa diferença física que é evidente. Situação esta que nos leva a situações pitorescas em nossa sociedade preconceituosa, como por exemplo, quando me despeço de meu pai com um beijo no rosto. As pessoas em volta olham assustadas como se dissessem: Olha só o coroa pegando o negão mais novo ! Meus pais tiveram muita habilidade para abordar o tema desde criança, de forma que cresci de forma saudável, sem traumas e com muito orgulho, sempre me achando especial em relação aos demais.

Pais Adotivos SA: Você também tem outros irmãos adotivos.. como se deu a chegada deles em tua família, o que levou teus pais a também adotarem mais filhos? Eles te prepararam para esta chegada?

Freitas: Tenho mais dois irmãos adotivos. Minha irmã chegou quando eu tinha 3 anos e meus pais me prepararam bem, fazendo com que eu a desejasse antes mesmo edla chegar. Com meu irmão – dez anos mais novo – foi a mesma coisa, só que no caso dele eu pedi que o adotassem.

Pais Adotivos SA: Você conhece sua família biológica, mantém contato com eles?

Freitas: Não conheço minha “família” biológica e nunca tive uma curiosidade. Oro para que eles estejam bem e não sofram pela minha ausência, até porque a atitude deles me levou a ter a família maravilhosa que tenho hoje.

Pais Adotivos SA: Você aprendeu a os perdoar. O que a palavra perdão diz a ti?

Freitas: Não tive que perdoar ninguém. Mas o perdão é um ato de nobreza mesmo.

Pais Adotivos SA: A iniciativa de escrever um livro partiu do desejo de compartilhar a tua própria história ou foi de dar vazão e conhecimento de outras histórias?

Freitas: O livro é um apanhado de depoimentos dos filhos adotivos. Sempre que se fala em adoção, as pessoas recorrem sempre aos pais e “especialistas”no assuntos – os estudiodos. Não entendo o motivo pelo qual os filhos adotivos não aparecem nos livros, nas matérias publicadas...

Pais Adotivos SA: Você sente que o tema Adoção ainda é pouco abordado em nossa sociedade? Ainda é tratado de forma superficial, onde a adoção é vista como um ato de caridade?

Freitas: A adoção é abordada de forma superficial e vista como uma atitude de caridade. Inclusive muitos pais adotivos, ficam esperando uma espécie de reconhecimento por terem adotado e isso é errado. Qualquer problema que se dá com uma criança que foi adotada, logo apontam: coitadinho, ele faz isso porque foi a dotado, deve ser algum trauma. Esquecem que problemas educacionais, relativos até mesmo à fasse de crescimento, adolescência são inerentes a todos os jovens.

Pais Adotivos SA: Você tem filhos? Pretende ter filhos adotivos?

Freitas: Ter filhos é um sonho que ainda não realizei. Pretendo adotar.

Pais Adotivos SA: Adotaria um bebê ou uma criança maior? Tens preferência por sexo, cor...

Freitas: Adotaria , sem problemas. As pessoas acreditam que adotando um filho recém –nascido, estão adotando alguém “0 km”, sem passado. As maiores acabam ficando para trás. E aí fica a pergunta: quando namoramos alguém ou casamos, essas pessoas não tem um histórico de vida? E mesmo assim não acabamos nos apaixonando por ela? Acredito que seja mais ou menos por aí... Mas cabe ressaltar que não somos uma ciência exata, não há como rotular ou conceituar tudo.

Pais Adotivos SA: Você deseja que seu livro seja mais um instrumento de conscientização e formação em torno da adoção?

Freitas: O livro funcionará como um pouco de voz dos filhos por adoção, mostrando que não somos melhores, nem piores, apenas filhos. Mostrar a trajetória de pessoas adultas, que vivenciaram vários enredos, desde contos de fada até coisas absurdas.

Pais Adotivos SA: O que se deve promover para incentivar a discussão em torno do tema adoção, e, conseqüentemente, mobilizar mais casais (ou não) para adotar?

Freitas: Acho que devemos ter mais discussões e debates sobre o tema. Inclusive, o incentivo à adoção deve ser tratado com muito cuidado pois o foco e a proteção deve visar O FILHO e não os pais. Tem muito casal que procura o processo de adoção para estancar problemas de relacionamento.

Pais Adotivos SA: Você participa de algum Grupo de Apoio à Adoção? Como avalia este tipo de atividade?

Freitas: Participo do GEAAF (Grupo de Estudo e Apoio a Adoção de Florianópolis). Como o próprio nome sugere, promovemos discussões e orientações aos pais que desejam adotar, tendo o respaldo de profissionais capacitados e de famílias que vivenciam o assunto.

Pais Adotivos SA: Que mensagem gostaria de deixar a todos aqueles que forem se candidatar a adoção? Quando teu livro irá chegar as bancas?

Freitas: A mensagem que deixo é de que as pessoas que tiverem o anseio de adotar, façam isso de coração aberto, visando sempre a criança, sem a espera por recompensas ou reconhecimento. Acredito que a recompensa real é o amor sincero que terão de seus filhos.O livro ainda não tem uma data para ir às bancas, mas espero que em breve esteja à disposição da sociedade.

4 comentários:

Quem sou eu? disse...

Oscar, parabéns pelo blog!
Obrigada por nos manter informados a respeito deste tema. Estou me habilitando para adoção e procurando me informar bastante sobre o assunto. Seu blog foi muito útil!

5º ano B disse...

Oscar
Tirei o dia pra ler seu bloguinho. Nos cruzamos nas comunidades mas quase não nos falamos, to lendo tudo e pretendo comentar alguns pontos que achei muito legal.
Bom parabéns aos pais do Paulo, são pessoas assim que criam filhos felizes sem ansiedade e medos, sem fantasmas.
Sempre que leio oque o Paulo diz, ou outros filhos adotivos, olho pras minhas crianças com outra perspectiva, olho pensando no que preciso fazer para que sejam felizes, bem resolvidos...a gente pira por eles, vive por eles, respira por eles e nem sempre isso é o saudável.
Um ponto que o Paulo comenta e que concordo parcialmente é que o direito e a preocupação devem ser direcionados a crianças. Concordo, mas ressalvo que os pais adotivos não devem ser vistos como " estepes", somos pais por direito adquirido por assim dizer, e um dos pilares do processo, por isso merecemos respeito, que nem sempre nos dirigem nos foruns.
Assim como os pais do Paulo sou mãe adotiva por opção, e muitas vista como " coitadinha" por não ter tido " meus próprios filhos". Ou seja são muitos ângulos para analisar.
Mas parabéns pela entrevista, é bom ler o " outro lado".
Beijos aos dois e a sua filhota.

Anônimo disse...

amei !
eu fis um trabalho com iço aqi !
qe máximo, valeeu msm véy !
{:

Anônimo disse...

É um sonho que vou realizar (adoar uma criança), mas queria entender o que leva uma mãe fazer isso, entregar seu filho a adoção, mas se não for assim, como uma mulher como eu iria realizar esse sonho...