quarta-feira, 25 de julho de 2007

REPRESENTANTE DA UNICEF CRITICA EXCLUSÃO SOCIAL DE CRIANÇAS QUILOMBOLAS E NEGRAS

Fonte: Agência Brasil

A representante do Unicef - Fundo das Nações Unidas para a Infância no Brasil, Marie Pierre Poirier, criticou recentemente a exclusão de crianças quilombolas e negras das políticas públicas implementadas no país. Na abertura do 1º Encontro Nacional de Crianças e Adolescentes Quilombolas, no Palácio do Planalto, ela incentivou meninos e meninas das comunidades quilombolas a apresentar propostas e reivindicações objetivas para o governo.“Os meninos e meninas que vivem nas comunidades tradicionais ainda não fazem parte da agenda das políticas dos governos e da sociedade civil”, disse Marie Pierre Poirier. “O Brasil desconhece o número de crianças e adolescentes quilombolas. Essas crianças não podem mais continuar invisíveis, aos olhos da sociedade.”Francesa, a representante da Unicef já trabalhou em Moçambique.

Com base em sua experiência na África, ela destacou os projetos brasileiros criativos na área social, mas reafirmou o espanto com as “enormes desigualdades” existentes no Brasil.“Ainda em pleno século 21, em um país com tão grande potencial, nascer branco ou negro ou indígena continua determinado as oportunidades que as pessoas têm de ter acesso ao trabalho, à saúde, à educação, à proteção contra os abusos e violações de direitos.”Para Marie Pierre Poirier, quando o assunto é violência e exploração contra adolescentes, os dados são “assustadores”. Segundo ela, um estudo feito em São Luiz, no Maranhão, mostra que mais da metade das trabalhadores domésticas são meninas negras quilombolas que saíram de suas comunidades antes de terminar os estudos para trabalhar na cidade.

Na avaliação da representante da Unicef, também é grave que muitas crianças quilombolas com menos de um ano morram antes de obter a certidão de nascimento. De acordo com ela “não pode ser coincidência” que, das 800 mil crianças brasileiras de 7 a 14 anos que estão fora da escola, 500 mil sejam negras.“Nas comunidades tradicionais, essa exclusão escolar se estende até a criança e o jovem se tornarem adultos. O racismo e a discriminação continuam ao longo da vida escolar."Para Marie Pierre Poirier, o 1º Encontro Nacional de Crianças e Adolescentes Quilombolas foi uma oportunidade importante para discutir formas de como melhorar a saúde, educação, cultura e garantir o respeito às identidades dos meninos e meninas que vivem nos quilombos.

"Vamos fazer juntos propostas de políticas mais eficientes de saúde, para que as mulheres e mães quilombolas sejam tratadas com dignidade e respeito, tenham acesso a serviços de qualidade de pré-natal para que seus bebês nasçam fortes e cresçam com saúde e segurança", sugeriu a representante da Unicef."Vamos também propor idéias sobre como nos prevenir do HIV/AIDS que afeta mais as mulheres negras e mais jovens, tanto nas áreas urbanas quanto rurais. Vamos apresentar idéias sobre como incentivar nossa cultura popular, valorizar as práticas religiosas das comunidades quilombolas. E vamos também fazer recomendações para pôr fim ao racismo e à discriminação."

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