sábado, 9 de junho de 2007

REPORTAGEM: ROMPENDO DISTÂNCIAS PELO SONHO DE ADOTAR

Por Oscar Henrique Cardoso
oskarhcardoso@gmail.com

Brasília, 9/6/07 - Não existe distância e dificuldade para se realizar o sonho de ser pai e mãe. Pelo menos esta é a experiência que nos é descrita nesta reportagem. Não importa se o futuro bebê – ou não bebê – estará no Norte, no Sul do Brasil, ou até mesmo em outros países. O que importa é que vale tudo para adotar um filho. Vejam o mais recente caso de adoção a ocorrer no meio artístico. O casal Angelina Jolie e Brad Pitt estariam pensando em adotar mais uma criança, desta vez da República Tcheca.

Jolie está em Praga filmando seu novo projeto, Wanted, e tem visitado regularmente um orfanato católico no centro da cidade. Segundo o jornal inglês The Sun, ela desenvolveu uma relação de muito afeto com um dos órfãos e já pediu até que Brad Pitt venha conhecer a criança, que pode ser sua quarta adoção. Ela tem o cambojano Maddox, a etiope Zahara e o vietnamita Pax Thien. Ela e Brad tem como filha biológica Shiloh. Uma fonte contou ao jornal: "Angelina celebrou seu 32º. aniversário ontem e disse a Brad sentir que já é hora de aumentar a família."Seus instintos maternais estão a todo vapor e isso a faz conectar-se com as crianças de imediato. Ela ligou para Brad e disse ter encontrado outra criança que combinaria bem com os filhos do casal."

Se o casal Angelina Jolie e Brad Pitt já rodou o planeta adotando filhos de cada continente, aí vai mais uma pergunta: onde é mais fácil adotar uma criança hoje em nosso país. É no norte, no sul, no centro-oeste, sudeste ou nordeste?

Santa Catarina na vanguarda pela adoção

Para o deputado federal João Matos, do PMDB de Santa Catarina, autor do Projeto de Lei 1756 de 2003, o qual apresenta a Lei Nacional de Adoção, a região Sul está mais avançada em termos de tramitação e conscientização sobre o tema adoção. Matos cita o seu estado, Santa Catarina, como um dos primeiros da federação que registrou manifestação positiva do Poder Judiciário frente ao tema. “O judiciário catarinense está na vanguarda em relação a outros judiciários existentes em outros estados do país. Lá tivemos a sorte também de ter, a partir de mim, alguém que iniciasse esse movimento em nível nacional e trouxesse para a casa do povo a discussão sobre esse assunto”, disse.
Segundo o parlamentar, em Santa Catarina o apoio do Poder Legislativo também é fundamental para garantir apoio e reforço à adoção. Matos cita a iniciativa do deputado Rogério Mendonça, o Peninha, criador do Fórum Permanente de Adoção na Assembléla Legislativa de Santa Catarina.

Um cearense em minha vida

Casada há quase 11 anos, a paulista Déia Ortiz, 32 anos, não tem filhos biológicos, mas desde o início do namoro com seu marido, hoje com 38 anos, começou a pensar na idéia de adotar um filho. Após se habilitar junto a justiça paulista, Déia esperou um ano e meio na fila. Mas ela realizou o seu sonho em terras cearenses. Déia adotou um menino, pardo e nascido em Fortaleza. O caso foi uma adoção consensual e, por exigência de assistentes sociais, ela começou a participar de um grupo de apoio à adoção. “Digo que foi ótimo. Amadureci mais sobre o assunto e hoje me sinto aberta para outras adoções. Inclusive já estou amadurecendo a idéia para uma adoção tardia”, ressalta.

Déia conta ainda que sua família recebeu bem a notícia. Apesar de apenas sua mãe e sua irmã saberem que seu filhinho estava para nascer, o restante da família foi surpreendida com a feliz novidade em uma festa. Déia e seu filho chegaram ao evento, para espanto e animação de todos. “Meu filho foi recebido bem pela família e pelos amigos. Não percebi nenhuma discriminação. Apenas alguns mais desinformados é que olharam meio perdidos. Mas com jeitinho vou ensinando tudo o que aprendi e procuro incentivar outros a fazerem o mesmo, não por caridade, mas por amor.

A felicidade também está em Goiás

O tempo passava e a goiana Thais Berto Moraes achava que seria difícil realizar o sonho materno. Quando se inscreveu para adoção na Comarca de Anápolis, Goiás, onde reside, Thaís pediu um menino recém-nascido. O tempo passava e, segundo ela, as respostas não vinham. Mas ao invés de se desesperar, ela foi vendo que o desejo de ser mãe era mais importante do que o fato de seu filho ser ou não recém-nascido.

Assim que conheceu uma colega, moradora de Caldas Novas, também em Goiás, a mesma levou o seu processo para se inscrever naquela cidade. Desanimada, Thaís já estava a dois anos esperando pela chance de adotar uma criança. Ela alimentava o desejo de adotar um menino de três anos, que vivia em um orfanato de Anápolis. Mas, um telefonema iria mudar toda a história. “Uma assistente social de Caldas Novas me ligou falando de uma menina de quatro anos, que estava liberada para adoção se eu estivesse interessada ela arrumaria para q eu fosse buscá-la. No mesmo momento eu aceitei, mais pensei comigo, aqui na minha cidade q conheço o juiz está difícil, imagina em outra cidade, será ainda pior”. E continua: “ passaram-se duas semanas a secretária da juíza de Caldas Novas, numa sexta-feira, me ligou e disse que poderia buscar a Bruna já que a guarda provisória já está em seu nome, e eu era a nova mãe dela”.

Com muita emoção, a goiana conta que nem sabia o nome da menina e ficou sem ação. “No momento pensei até que fosse um trote ou algo parecido. Cheguei em casa contei para meu marido e foi pura emoção. Choramos igual crianças quando ganha um brinquedo muito esperado. Nossa vontade era de sair naquela mesma hora e ir buscá-la, mas tínhamos que esperar. Liguei pra assistente social de Caldas Novas, peguei o número do telefone da casa aonde estava minha filha e liguei pra falar com ela. Suas primeiras palavras foram: Mamãe, você agora é que vai ser minha mamãe pra sempre, vem me buscar logo”, lembrou.

Thaís explica que em Caldas Novas o processo de adoção foi mais rápido porque não existem orfanatos na cidade. São cinco casas de famílias que se revezam com as crianças até serem liberadas para os pais adotivos. Ela lembrou que, numa segunda-feira seguinte foram até Caldas Novas buscar a menina. “Faz dois anos que Bruna está conosco. A adaptação de nossa filha foi muito tranqüila. Lógico que ela veio muito traumatizada, não dormia de noite, estava um pouco doente. Seus dentinhos estavam todos com cáries, teve q fazer três canais. Mas vencemos tudo isso e hoje Bruna é muito saudável. Minha família e de meu esposo a aceitaram com muito amor. Ela foi a primeira neta dos dois lados e é muito paparicada até hoje, embora já tenha um sobrinho com 10 meses”, esclarece.

Mais por incrível que pareça, Thaís conta que quando olha para Bruna vê semelhanças que a faz sentir conhecer a sua filha desde o nascimento. “Ela é tudo em nossas vidas, fala a goiana, que já se prepara para adotar outra criança, mesmo preparada para conviver com as prováveis crises de ciúme de Bruna”, finaliza.

O amor realmente vence tudo. Vence a distância, vence os sotaques, idiomas e culturas. Vale tudo para realizar o desejo de ser pai e mãe. Estas histórias são muito parecidas com a que vive este repórter. Gaúcho, atravessou mais de 2.000 quilômetros para encontrar sua filha, com oito anos. Pai e mãe gaúchos estenderam os laços com Brasília e a filha “candanga” veio para escrever a continuação de uma história de amor, fé e muita doação.

Um comentário:

Thaís Helena disse...

Oi Oscar,
Nossa fiquei feliz em ver minha história em seu blog, vc a descreveu na integra.
Espero q sirva de exemplo e esperança a vários casais q estão na espera por seu filho(a) assim como nós estivemos.
Como vc disse, vale tudo pra adotar um filho.

Uma coisa eu te falo, depois q estamos com nossos filhos em casa, parece q todo aquele sofrimento pelo qual passamos na espera, se torna tão pequeno e insignificante, q nem nos lembramos mais só nos resta a alegria e o amor.
Abraços!!!
Thaís Helena